Biografia
Henrique de Campos Meirelles - 1/1/2003 a 1/1/2011
Henrique de Campos Meirelles (Anápolis, 31 de agosto de 1945) é um executivo da área financeira, político e ex-Ministro da Fazenda do Brasil. Considerado uma das figuras mais respeitadas do ambiente financeiro brasileiro internacional, foi presidente internacional do BankBoston (principal executivo) e presidente do Banco Central do Brasil (BCB), cargo que ocupou de 2003 a 2011, durante o governo Lula. Foi Chairman do Lazard Americas, banco de investimento sediado em Nova York, senior advisor da Kolberg, Kravis and Roberts (KKR), uma empresa global de investimentos, membro do Conselho da Lloyd's of London, empresa global de seguros, membro do conselho consultivo da J&F Investimentos, membro do Conselho de Administração da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, entre outros. Tem patrimônio declarado de R$ 377 milhões de reais. [1][2][3][4][5][6][7][8][9][10][11][12][13][14][15][16]
Atualmente, Meirelles é candidato à Presidência da República do Brasil pelo MDB.
Biografia
Meirelles é filho de Hegesipo de Campos Meireles, que foi interventor federal interino em Goiás e ex advogado do Banco do Estado de Goiás e Diva Silva de Campos, uma estilista de vestido de noivas.
Deixou a cidade de Goiânia para cursar engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1972.[18][20]
Em 1974, concluiu um MBA pelo Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD).[20]
BankBoston
Sua carreira teve início em 1974, no BankBoston, onde trabalhou por 28 anos com atuação nacional e internacional.
Começou no departamento de Leasing e, após 4 anos, assumiu a Vice Presidência do banco.
Em 1984, por indicação de um membro do conselho do BankBoston, Meirelles cursou o Advanced Management Program (AMP) pela Harvard Business School, um curso que prepara executivos que assumirão a presidência de grandes corporações.[20][18][22] Meirelles também recebeu um título honorário de doutor pelo Bryant College.[20]
Em junho do mesmo ano, com o seu retorno ao Brasil, Meirelles foi nomeado presidente do BankBoston no país, cargo que ocupou por 12 anos. Foi o primeiro brasileiro a ocupar a cadeira de presidente da subsidiária de uma instituição internacional no Brasil.[23][24][20][21]
Em 1996, sua carreira deu um grande salto: foi escolhido, pelo conselho do BankBoston, presidente mundial da instituição a partir da sede nos Estados Unidos. Ocupou o cargo até 1999. Foi o primeiro estrangeiro a presidir um banco americano de grande porte nos EUA.[23][22][19][20]
Em 1999, o BankBoston Corp. fundiu-se com o Fleet Financial Group formando o FleetBoston Financial, oitava maior instituição financeira dos Estados Unidos, com US$ 220 bilhões em ativos, uma lista de 21 milhões de clientes em mais de 20 países. Possuia uma rede 1,7 mil agências nos EUA e mais de 250 unidades na América Latina. Meirelles assumiu a presidência de Global Banking.[20][25][23]
Enquanto esteve nos Estados Unidos, Meirelles foi um dos mais populares membros da corte de Bill Clinton.[19]
Em 2002, Meirelles se aposentou e retornou ao Brasil.[17][19]
Carreira política
Com uma juventude marcada por atuações públicas, quando fez parte do movimento estudantil de Goiânia e liderou greves contra o preço das passagens de ônibus e de material escolar, e influenciado por uma família de políticos – seu avô foi prefeito de Anápolis três vezes, seu pai ocupou cargos na Secretaria do Estado de Goiás duas vezes e teve um tio Governador - Meirelles iniciou a partir de então sua carreira política a qual se dedicou de 2002 a 2014.[18]
Em 2002, Meirelles se candidatou a deputado federal em Goiás pelo PSDB e foi eleito com o maior número de votos no estado - 183 mil votos. [24][19][26]
O seu sucesso eleitoral e o apoio do mercado financeiro internacional conquistado durante toda sua carreira profissional no setor privado, fizeram com que Meirelles fosse indicado pelo presidente Lula da Silva para ocupar o cargo de presidente do Banco Central do Brasil, adotando uma política liberal durante este período[27]. Em 2003, Meirelles renunciou ao cargo de Deputado Federal em Goiás e desfiliou-se do PSDB para assumir a presidência do Banco Central do Brasil (BCB).[24][28]
Meirelles esteve a frente do BCB durante os oito anos de governo do Presidente Lula e, em novembro de 2010, anunciou a sua saída.[3][29]
Em 2005, foi o primeiro presidente do BCB a obter formalmente o status de Ministro do Estado.[30]
No início de 2010, Meirelles descartou uma possível candidatura ao Governo de Goiás pelo partido PMDB a pedido do presidente Lula, que lhe pediu para se dedicar ao comando do Banco Central até a data de desincompatibilização para concorrer a cargo eletivo, no início de abril de 2011.[31]
Em 2011, três meses após o anúncio da sua saída do comando do Banco Central e a convite da presidente Dilma Rousseff, Meirelles assumiu o cargo no Conselho Público Olímpico. A função, com mandato de quatro anos, foi de coordenar todos os investimentos para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Com um orçamento de R$ 30 milhões, Meirelles atuou com autonomia na coordenação de obras federais, estaduais e municipais até 2014. [3][32][33] Meirelles foi sucedido pela empresária Luiza Trajano.[34]
Em outubro de 2011, Meirelles oficializou sua filiação ao PSD.[35]
Em 2014, Meirelles foi convidado pelo candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, Paulo Skaf, para disputar o Senado Federal em sua chapa. Meirelles negou o pedido.[5]
Em 2015, houve rumores de que Meirelles teria sido indicado pelo ex-presidente Lula para ser o Ministro da Fazenda no 2º mandato da presidente Dilma Rousseff, com início em Janeiro de 2015. Essa hipótese não se concretizou e Joaquim Levy assumiu o ministério.[36][37]
Em meados de 2015, após discórdias internas no Executivo e desgastes no Congresso Nacional, voltaram a surgir rumores de que Henrique Meirelles poderia ser uma forte possibilidade de substituição ao Ministro da Fazenda Joaquim Levy.[38][2][39]
Com a posse de Michel Temer como presidente interino da República, em maio de 2016, Henrique Meirelles foi nomeado Ministro da Fazenda e Previdência Social.[40][41] Em 3 de abril de 2018, Meirelles se filiou ao MDB.[42]Em 22 de maio de 2018, é confirmado como candidato do MDB a sucessão de Temer nas eleições presidenciais de 2018 [43]
Gestão no Banco Central do Brasil (2003 a 2011)
Com atuação durante os oito anos de governo Lula (2003-2010), Meirelles foi o Presidente do Banco Central do Brasil que ficou mais tempo no cargo.[3][29][30]
Sua gestão no Banco Central se iniciou num momento em que a economia do país estava em crise. Com inflação de 12,5% ao ano, taxa de juros real de 18,5%, reservas internacionais de US$ 38 bilhões -considerada baixa - e com o câmbio do dólar próximos a R$4,00.[24][19]
Sua primeira medida foi levar o Comitê de Política Monetária do Banco Central a subir os juros.[19] Meirelles foi muito cobrado durante todo seu mandato para que acelerasse a queda de juros. Membros do governo e de fora alegavam que com a inflação mais alta o país poderia ter um crescimento maior.[44]
Meirelles apresentou uma inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional em todos os anos da sua gestão, exceto em 2003, quando por uma reação do mercado à liderança de Lula na disputa presidencial, houve uma "deterioração de expectativas".[30]
Segundo o IBGE, o período de gestão de Henrique Meirelles foi o que apresentou o mais longo ciclo de crescimento da história recente do país, com uma taxa de 3% ao ano por mais de 60 meses.[44]
Em 2003, o crescimento foi de 1,1%. Em 2004, passou para 5,7%. Em 2005, 2006 e 2007, o PIB (Produto Interno Bruto) avançou, respectivamente, 3,2%, 4% e 6,1%. No ano de 2008, a economia brasileira cresceu 5,1%.[44][30]
Em 2004, a inflação, medida pela IPCA, tinha recuado para 7,6% e em 2005 para 5,69%. Em 2006, o IPCA somou 3,14% e em 2008, atrelado ao forte crescimento da economia, avançou para 5,9%.
Em 2005, Meirelles foi o primeiro presidente do BCB a obter formalmente o status de Ministro do Estado.[30]
Ao final de sua gestão, Meirelles apresentou um crescimento no caixa do país que passou de R$ 38 bilhões para R$ 280 bilhões. Segundo especialistas, esse foi um fator primordial para que o país passasse pela crise internacional de 2008 e 2009 sem maiores consequências.[30][19]
Segundo Gustavo Franco, diretor executivo da Rio Bravo em entrevista à revista Época, a estabilidade e defesa do país durante a crise internacional em 2009 está diretamente ligada à atuação de Henrique Meirelles à frente do Banco Central, que por manter o rumo durante a crise, evitou a desestabilização da economia.[45]
Ao final do seus dois mandatos, Henrique Meirelles foi considerado como responsável por reduzir a inflação à metade e baixar a taxa de juros ao menor patamar da história, até aquela data, 2009.[4]
KKR e Lazard
Em 2012, a Kohlberg Kravis Roberts (KKR), uma empresa global de investimentos com mais de US$ 60 bilhões em ativos administrados, indicou Henrique Meirelles para ser Conselheiro Sênior para a América Latina com objetivo de encontrar novas oportunidades de investimento para empresa.[13][14][46]
Também em 2012, foi indicado para ser Chairman do Lazard Americas, banco americano especializado em gestão de recursos patrimoniais e financeiros e com atuação voltada a fusões e aquisições, negócios estratégicos e reestruturação de capitais.[15]
Meirelles renunciou a todos os cargos, bem como rescindiu todos os contratos de consultoria antes de assumir o Ministério da Fazenda.
J&F e Banco Original
No início de 2012, através de sua empresa de consultoria, assessorou o grupo J&F, na concepção e estruturação do Banco Original. Ele deveria fazer do banco, uma pequena instituição que dava crédito a fornecedores do grupo, o principal banco digital do país. Meirelles contribuiu, também, na avaliação de oportunidades de expansão internacional do grupo J&F. Em 2014, assumiu, temporariamente, a presidência do Conselho de Administração da J&F Investimentos. No entanto, nunca exerceu nenhuma posição executiva na J&F Investimentos, no Banco Original, ou em qualquer outra empresa do grupo. Convidado por Temer para assumir a Fazenda, Meirelles rescindiu o contrato de consultoria com a J&F Investimentos em maio de 2016.[47]
Outros Cargos
Membro do Conselho da Lloyd's de Londres. [8]
Membro do Conselho de Administração da Azul Linhas Aéreas.[8][9][10]
Conselheiro do Centro de Estudos Latino Americanos da Washington University. [17]
Chairman da Sociedade de Revitalização da Cidade de São Paulo.[23]
Fundador e Presidente Associação Brasileira das Empresas de Leasing.[23]
Membro da FTI Consulting.[25]
Presidente a Associação "Viva o Centro" que defende a revitalização da região central da cidade de São Paulo.[48]
Presidente emérito da Associação Brasileiras de Bancos Internacionais.[48]
Diretor da Câmara do Comércio de São Paulo.[48]
Membro do conselho das instituições de ensino Harvard Kennedy School of Government, Sloan School of Management do MIT, Carroll School of Management do Boston College, Conservatório de Música da Nova Inglaterra e do Instituto de Arte Contemporânea de Boston.[17][48][30]
Campanha presidencial de 2018
Em 2 de agosto de 2018 Meirelles foi escolhido como o candidato do MDB na eleição presidencial de 2018. Dos 419 delegados que compareceram ao evento de votação para validar a escolha, 85% votaram pela oficialização da candidatura do ex-presidente do Banco Central.[49]
Vida Pessoal
Meirelles é considerado inquieto e workaholic. Dorme apenas cinco horas por noite e realiza reuniões tarde da noite.[18][17] Na década de 60, Meirelles participou de um dos primeiros cursos no Autódromo de Interlagos onde adquiriu habilidades de piloto