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Gilberto Tenor: Tradição, Pesquisa e Convívio na Numismática Brasileira
Introdução
A numismática, mais do que um hobby, é uma ponte entre gerações, culturas e histórias. Nesta entrevista especial para o NumisPlay, Osvaldo Rodrigues conversa com Gilberto Tenor, próximo presidente da Sociedade Numismática Brasileira (SNB), revelando sua trajetória, valores e visão sobre o papel do colecionador e das entidades numismáticas no Brasil.
Raízes Familiares e Início do Colecionismo
A paixão de Gilberto Tenor pela numismática tem raízes profundas. Sua família trabalha com antiguidades há mais de um século, desde a chegada dos ancestrais da Europa. Crescendo em meio a objetos históricos, Gilberto começou a guardar moedas aos oito anos, aprendendo desde cedo a diferenciar e valorizar cada peça. Aos 13, associou-se ao Clube Filatélico Sorocabano e, com 14 anos, fez sua primeira visita à icônica Feira da Barganha em Sorocaba, ambiente que moldou sua visão de colecionador.
A Importância do Convívio e da Sociedade Numismática
Gilberto destaca o papel fundamental do convívio entre colecionadores. A Praça da República, em São Paulo, foi por décadas ponto de encontro dominical de numismatas, onde se trocavam experiências, peças e histórias. Para ele, a SNB é uma verdadeira família, um espaço de acolhimento e troca, que vai muito além da simples compra e venda de moedas. Os encontros presenciais, os almoços e as conversas informais são, segundo Gilberto, insubstituíveis para o fortalecimento do hobby.
Voluntariado e Engajamento na SNB
A SNB é mantida pelo trabalho voluntário de seus membros. Gilberto relata que, desde jovem, envolveu-se nas atividades da sociedade, assumindo funções administrativas e colaborando na organização de leilões e eventos. Ele enfatiza que a SNB não é uma empresa, mas uma entidade construída pelo esforço coletivo de diretores, assessores e voluntários, todos movidos pela paixão pela numismática.
Coleção e Preferências Pessoais
Gilberto se define como um “colecionador de colecionadores”, com acervo diversificado que inclui moedas, cédulas, medalhas, condecorações, quadros, documentos e antiguidades em geral. Seu interesse especial recai sobre peças ligadas à família imperial brasileira, especialmente medalhas e condecorações imperiais e exóticas. Para ele, o estudo e a pesquisa são essenciais: “Sem conhecimento, não existe coleção”.
O Valor do Estudo e das Publicações
A busca por conhecimento é um dos pilares da trajetória de Gilberto. Ele mantém uma biblioteca especializada com cerca de 2 mil volumes sobre numismática, arte e história, utilizada para pesquisa e organização de sua coleção. Gilberto destaca a importância das publicações, catálogos e livros históricos, que permitem validar, contextualizar e valorizar cada peça. Ele cita exemplos de obras fundamentais, como o catálogo de fichas do Alexandre Barros e as reedições promovidas pela SNB, que democratizam o acesso ao conhecimento.
Desafios e Evolução da Numismática
Gilberto reconhece as dificuldades enfrentadas pelos estudiosos do passado, que pesquisavam sem acesso à internet ou a acervos digitalizados. Hoje, a tecnologia facilita o acesso à informação e permite que colecionadores de todo o Brasil e do exterior participem de leilões virtuais e troquem experiências. Ainda assim, ele ressalta que nada substitui o contato humano e o convívio presencial.
A Missão da SNB: Disseminar Cultura
Para Gilberto, a missão maior da SNB é disseminar a cultura numismática. A entidade investe em reedições de livros raros, boletins e revistas, tornando o conhecimento acessível a todos. O objetivo não é o lucro, mas o fortalecimento do colecionismo e da pesquisa histórica, reconhecendo as moedas, cédulas e medalhas como parte viva da memória nacional.
Conclusão
A entrevista com Gilberto Tenor revela que a numismática é, acima de tudo, uma experiência coletiva, de aprendizado contínuo e de preservação da história. Sua trajetória inspira novos e antigos colecionadores a valorizar o estudo, o convívio e o engajamento nas entidades, perpetuando a tradição e a paixão pelo colecionismo no Brasil.
Autor do blog:
Nilton Romani
