Moedas e Cédulas como Instrumentos de Propaganda

11.1 Símbolos ideológicos gravados em moedas

Durante o período do Terceiro Reich (1933–1945), as moedas circulantes foram transformadas em instrumentos de comunicação ideológica. O regime nazista usou a numismática como meio de difundir símbolos e valores que reforçavam sua visão de mundo, nacionalismo e identidade racial.

Símbolos mais comuns nas moedas nazistas:

• Suástica: Presente em quase todas as emissões oficiais, simbolizava o poder e a superioridade ariana.
• Águia imperial (Reichsadler): Representava a força e a continuidade do Estado alemão sob a liderança nazista.
• Espigas de trigo e ferramentas agrícolas: Refletiam o ideal rural e autossuficiente pregado pelo regime.
• Efígie de Adolf Hitler: Apareceu em algumas emissões comemorativas, especialmente aquelas ligadas a eventos partidários ou aniversários importantes.

Esses elementos não foram escolhidos ao acaso — cada detalhe visual serviu para reforçar a mensagem de unidade, pureza étnica e supremacia alemã. As moedas passaram-se, portanto, veículos cotidianos de propaganda, acessíveis a toda a população.

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11.2 Cédulas com frases e imagens de propaganda política

Assim como as moedas, as cédulas do período nazista carregavam uma forte carga ideológica, expressa tanto por imagens quanto por textos.

Frases e lemas comuns nas cédulas:

• "Ein Volk, ein Reich, ein Führer" (Um povo, um império, um líder): Um dos slogans mais conhecidos do regime, frequentemente associados à construção da identidade nacional única.
• "Gott mit uns" (Deus conosco): Utilizado em várias peças gráficas, reforçava a ideia de legitimidade divina da causa nazista.
• "Deutsches Reich": A menção ao "Império Alemão" buscou resgatar a noção de grandeza histórica da Alemanha.

Imagens simbólicas:

• Agricultores em trabalho rural
• Soldados em pose heroica
• Monumentos e paisagens idealizadas da Alemanha

Tais representações visuais foram cuidadosamente elaboradas para transmitir a ordem, a disciplina e a glorificação do Estado, mesmo em objetos tão comuns como o dinheiro em circulação.

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11.3 Estudo iconográfico das representações visuais

A análise iconográfica das moedas e cédulas do período nazista revela muito sobre os valores promovidos pelo regime e a forma como eles foram divulgados na sociedade através de símbolos aparentemente neutros.

Temas recorrentes nas representações visuais:

• Trabalho e produtividade: Imagens de agricultores e operários destacaram a importância do esforço coletivo e da economia controlada.
• Poder militar: Soldados e monumentos de guerra aparecem como símbolos de resistência e orgulho nacional.
• Pureza racial e identidade ariana: A ausência de figuras não brancas nas cédulas reflete a exclusão deliberada de minorias do imaginário oficial.
• Continuidade histórica: Elementos como a águia imperial e referências a períodos anteriores (como o Império Germânico) eram usados ​​para vincular o regime à história tradicional da Alemanha.

Essa análise permite compreender como o regime utilizado na arte visual como ferramenta de controle simbólico e manipulação cultural.

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11.4 Comparação com outras moedas de regimes autoritários

A utilização de moedas e cédulas como meios de propaganda não foi exclusiva do regime nazista. Outras ditaduras e regimes autoritários também exploraram a numismática para fins ideológicos.

Exemplos comparativos:

• Itália fascista (Mussolini): Moedas com a efígie de Mussolini e símbolos romanos, como as fasces, que remetiam ao imperialismo histórico.
• Espanha franquista: Moedas com referências à Igreja Católica e ao nacionalismo espanhol.
• União Soviética (Stalin): Notas com imagens de trabalhadores e slogans socialistas, reforçando uma ideologia comunista.
• Coréia do Norte: Até os dias atuais, suas cédulas incluem retratos de líderes e mensagens políticas, evidenciando o uso contínuo da numismática como ferramenta de propaganda.

Apesar das diferenças ideológicas, todos esses regimes apresentam a característica de usar a moeda como veículo de legitimação política e reforço de narrativas nacionais.

 

Fonte:

Autor do blog: Nilton Romani