A moeda comemorativa de 2.000 réis, cunhada em 1922 para celebrar o 1º Centenário da Independência do Brasil, é uma das mais emblemáticas da numismática nacional. Além de sua importância histórica, esta peça apresenta duas variantes distintas quanto ao teor de prata: prata 900 (90% de prata) e prata 500 (50% de prata). Embora visualmente muito semelhantes, ambas possuem diferenças técnicas e históricas relevantes, tornando-as itens muito procurados por colecionadores e estudiosos.
Em 1922, o Brasil comemorou os 100 anos da Proclamação da Independência com a emissão de moedas comemorativas, destinadas a substituir parte do papel-moeda em circulação. Essa iniciativa visava, além de celebrar a data, reforçar a moeda metálica no mercado.
Autorizava a cunhagem da moeda de 2$000:
Peso oficial: 8,0 gramas
Teor de prata: 0,900
Diâmetro: 26 mm
Tolerâncias: ±0,1 g no peso e ±0,002 no teor da liga
As moedas só poderiam ser usadas em transações até o valor de 20$000, exceto por mútuo consentimento.
Devido a questões econômicas e escassez de prata, este decreto autorizou a redução do teor da moeda para 0,500 (50%), mantendo o mesmo peso e dimensões. Também ajustou tolerâncias na liga de moedas subsidiárias de cobre e alumínio.
Característica | Prata 900 | Prata 500 |
---|---|---|
Teor de prata | 90% (0,900) | 50% (0,500) |
Outros metais | 10% cobre | 50% cobre e possivelmente alumínio |
Peso oficial | 8,0 g | 8,0 g |
Diâmetro | 26 mm | 26 mm |
Espessura estimada | 1,57 mm | 1,9 mm |
Cor e brilho | Prateado brilhante | Acinzentado, menos vívido |
Densidade (g/cm³) | Aproximadamente 10,49 | Menor, devido ao menor teor de prata e possível inclusão de alumínio |
Prata (Ag): 10,49 g/cm³
Cobre (Cu): 8,96 g/cm³
Alumínio (Al): 2,70 g/cm³
Para manter o mesmo peso, a moeda de prata 500 precisou ter sua espessura aumentada, compensando a menor densidade da liga.
Embora muito semelhantes, há detalhes sutis que permitem diferenciar as versões:
Detalhe | Prata 900 | Prata 500 |
---|---|---|
Inscrição "D. Pedro I." | Com ponto após o "I." | Sem ponto após o "I." |
Letra "A" em "Pedro" | Com traço horizontal | Sem traço horizontal |
Relevo e nitidez | Mais definido, brilho intenso | Levemente mais suave, tom acinzentado |
Observação: há relatos de exemplares prata 900 sem ponto após o "I.", o que reforça a importância da análise combinada de características.
Moedas em prata 900, devido à sua maior pureza, são mais macias e propensas a riscos e manchas. Devem ser manuseadas com luvas e armazenadas em ambiente seco, longe de materiais ácidos. A prata 500 é mais resistente a riscos, mas oxida com maior facilidade devido ao teor de cobre. Limpezas agressivas reduzem significativamente o valor numismático, especialmente em moedas de prata 900.
A coexistência dessas duas variantes enriquece o colecionismo dessa moeda, adicionando complexidade e valor histórico. Saber identificar corretamente cada tipo é essencial para avaliações de autenticidade, valor de mercado e composição de coleções temáticas.
Teste de densidade: Medir peso e volume para calcular a densidade e comparar com os padrões.
Análise visual: Avaliar brilho, tonalidade e detalhes da cunhagem.
Teste químico: Apenas sob supervisão especializada.
Consulta a catálogos e decretos: Validação por meio de documentação histórica.
As moedas de 2.000 réis do 1º Centenário da Independência são peças fundamentais da história monetária brasileira. A coexistência das variantes em prata 900 e prata 500, suas diferenças técnicas, visuais e legais, refletem os desafios e estratégias econômicas do Brasil da época. Para numismatas e estudiosos, esses detalhes são parte essencial da boa prática de identificação, catalogação e valorização de acervos.
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