Em destaque, temos a formação da Esquadra Brasileira, encabeçada pela Nau Pedro I, navegando por mares bravios, e, acima dela, a legenda ESQUADRA 200 ANOS. Logo abaixo, há a era 2022. Um cabo contorna a orla.
Ao centro, o atual navio-capitânia da Esquadra Brasileira, o Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico - A140, encontra-se em destaque. Ao seu entorno, estão a legenda A SOBERANIA DO NOSSO MAR e a logo comemorativa dos 200 Anos da Esquadra. Contorna a borda um cabo.
Para espalhar a chama da Independência pelas demais províncias do Império, surgiu a necessidade de se constituir um Poder Naval autônomo e capaz de enfrentar as forças portuguesas. José Bonifácio de Andrada e Silva, então Ministro do Interior e dos Negócios Estrangeiros, percebeu que preservação da unidade territorial brasileira dependia do controle do mar. Uma Marinha Nacional atuaria no sentido de impedir que os reforços enviados de Portugal chegassem aos portos brasileiros, estrangulando assim as linhas de abastecimento das guarnições portuguesas, além de atacar suas posições e transportar forças leais ao Imperador para combater em regiões distantes da Corte.
O Norte e o Nordeste açucareiro onde as guarnições portuguesas eram mais numerosas e bem organizadas encontravam maior facilidade de comunicação pelas rotas do Oceano Atlântico com Lisboa do que com o Rio de Janeiro, em virtude da curta distância com a Corte portuguesa e de um regime de ventos favorável. A árdua tarefa de organização de uma Marinha Nacional e criação da Esquadra (um conjunto de navios de guerra e tripulações treinadas capazes de combater os portugueses pelo mar) começou a ser enfrentada com a nomeação do Capitão de Mar e Guerra Luís da Cunha Moreira como Secretário de Estado dos Negócios da Marinha, primeiro brasileiro nato a exercer o cargo de Ministro da Marinha.
O trabalho ágil e eficiente realizado pelos artífices e mestres construtores do Arsenal de Marinha da Corte (atual Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro) recuperou muitos navios de guerra portugueses deixados no porto do Rio de Janeiro e incorporados à Marinha do Brasil; outros navios foram comprados por meio de colaborações nacionais reunidas por subscrição pública. Foi na Nau Pedro I que pela primeira vez foi hasteada a Bandeira Nacional da nova Esquadra. Em cerimônia realizada em 10 de novembro de 1822, com a nau fundeada na Baía de Guanabara, a Bandeira, instituída por decreto de 18 de setembro daquele ano, foi içada sob salva de 101 tiros de canhão, delimitando aquela data como a da criação da Esquadra brasileira.
Navios e marinheiros lutando sob a Bandeira Nacional debelaram a resistência das guarnições militares portuguesas em Salvador, São Luís, Belém e Montevidéu, já que o atual Uruguai tinha sido incorporado à Coroa portuguesa em 1821 como Cisplatina. A Esquadra brasileira – que lutou contra navios de guerra portugueses ao largo de Salvador, em inferioridade numérica, e na Cisplatina – esteve sempre em condições de atuar com mobilidade e flexibilidade em um curto espaço de tempo, cumprindo sua missão de consolidar a Independência promulgada em 7 de setembro de 1822, que ratificou a soberania brasileira sobre todo o seu território.
JOSÉ CARLOS MATHIAS
Vice-Almirante (RM1)
Diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha
Presidente da Comissão Intersetorial para o Planejamento e Controle das Comemorações do Bicentenário da Participação da Marinha na Independência do Brasil