Cédulas Comunitárias são moedas sociais impressas ou digitais, criadas por comunidades, associações ou bancos comunitários para estimular a economia local e promover a inclusão financeira. Elas circulam dentro de um território delimitado e têm seu valor garantido por um fundo de referência ou crédito social, não competindo com a moeda oficial do país, mas complementando-a.
Fomentar a economia local
Incentivar o consumo de bens e serviços produzidos na própria comunidade.
Reduzir a evasão econômica
Manter os recursos financeiros circulando dentro da região.
Ampliar o acesso ao crédito
Facilitar empréstimos solidários e trocas comerciais para pessoas e pequenos empreendimentos que não acessam o sistema financeiro tradicional.
Fortalecer a identidade local
Valorizar a cultura, história e os recursos da comunidade.
As cédulas são utilizadas como meio de pagamento entre moradores, comerciantes e prestadores de serviços locais. Cada unidade costuma ter valor equivalente ao da moeda oficial, mas só pode ser utilizada dentro do território definido, favorecendo a circulação econômica entre os próprios membros da comunidade.
Exemplos de funcionamento:
Troca de produtos e serviços diretamente entre moradores.
Pagamento de compras em mercados, farmácias, feiras e oficinas credenciadas.
Microcrédito solidário concedido em cédula comunitária.
Palmas (CE) – Moeda: Palma
Bem (ES) – Moeda: Bem
Sol (RJ) – Moeda: Sol
Sampaio (MA) – Moeda: Sampaio
Cada uma dessas experiências possui características próprias, mas todas com o objetivo comum de fortalecer a economia popular local.
As cédulas comunitárias ganharam espaço no Brasil como instrumentos de desenvolvimento local, inclusão financeira e fortalecimento das economias de base comunitária. Diversos Bancos Sociais adotaram esse recurso com resultados reconhecidos nacionalmente.
Banco Palmas (Fortaleza – CE)
Primeira experiência brasileira, criada em 1998.
Moeda social: Palma.
Finalidade: estimular o consumo no bairro Conjunto Palmeiras, promovendo o comércio e a geração de empregos locais.
Estrutura consolidada com moeda física e digital.
Banco Bem (Vitória – ES)
Moeda social: Bem.
Criado em 2005, promove consumo em estabelecimentos locais e concede microcrédito produtivo.
Realiza feiras e capacitações para empreendedores da comunidade.
Banco Tupinambá (Belém – PA)
Moeda social: Tupinambá.
Atua em comunidades periféricas da capital, viabilizando circulação econômica e inclusão bancária com foco em segurança alimentar.
Banco Itaquera (São Paulo – SP)
Moeda social: Solidária.
Iniciativa voltada para pequenos comércios e ações de geração de renda em territórios vulneráveis da zona leste paulistana.
Outras experiências
Moedas como Girassol, Sabiá, Arariboia, entre outras, aplicadas em diferentes regiões do país com dinâmicas específicas adaptadas às necessidades locais.
Aumento da circulação de renda dentro da própria comunidade.
Estímulo ao comércio local e microempreendedorismo.
Redução da dependência de recursos externos.
Ampliação da inclusão financeira e bancária.
Fortalecimento do protagonismo social e da autogestão.
Cada caso possui sua estrutura de governança, com conselhos comunitários, assembleias e participação direta dos moradores nas decisões sobre emissão, controle e uso das moedas sociais.
Economia Solidária é um modelo socioeconômico baseado na cooperação, na inclusão social e na gestão coletiva das atividades econômicas. Diferente da economia tradicional, que visa ao lucro individual, a Economia Solidária busca o bem-estar coletivo e a melhoria da qualidade de vida das comunidades envolvidas.
Trata-se de um conjunto de práticas que englobam produção, comercialização, consumo e crédito organizados de forma coletiva e democrática, com foco na sustentabilidade econômica, social e ambiental.
A Economia Solidária se baseia em quatro princípios estruturais:
Cooperação
Os participantes atuam de forma conjunta, eliminando relações de exploração e priorizando a ajuda mútua.
Autogestão
A gestão das atividades é coletiva e democrática, com participação igualitária na tomada de decisões.
Solidariedade
Compromisso social com o bem-estar coletivo, incentivando práticas de inclusão, justiça social e combate às desigualdades.
Sustentabilidade
Busca o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a valorização social.
Brasil:
Banco Palmas (Fortaleza, CE)
Primeira experiência brasileira de banco comunitário, criado em 1998, com moeda própria e linhas de crédito para fortalecimento da economia local.
Banco Bem (Vitória, ES)
Projeto de inclusão financeira com moeda social própria e ações de microcrédito para pequenos empreendimentos.
Exterior:
WIR Bank (Suíça)
Sistema de crédito mútuo entre empresas desde 1934, fortalecendo negócios locais com moeda complementar.
Sardex (Itália)
Moeda digital complementar que conecta empresas de pequeno e médio porte em rede de trocas comerciais.
Banco Social é uma instituição comunitária de crédito, criada e gerida pela própria comunidade, com o objetivo de promover o desenvolvimento local sustentável, a inclusão financeira e o fortalecimento da economia solidária.
Ele opera com instrumentos financeiros próprios, como microcrédito produtivo orientado e cédulas comunitárias (moedas sociais).
Autogestão Comunitária: a comunidade participa ativamente da gestão e definição de prioridades.
Inclusão Financeira: acesso facilitado a crédito e meios de pagamento, sem burocracia excessiva.
Fomento à Economia Local: estímulo ao consumo em estabelecimentos e serviços da própria região.
Solidariedade e Cooperação: fortalecimento de relações de confiança e apoio mútuo.
1. Conselho Gestor
Órgão deliberativo formado por representantes da comunidade, associações, comerciantes locais e lideranças sociais. Define políticas, diretrizes e critérios de funcionamento.
2. Caixa Comunitário
Responsável pela operação financeira diária, incluindo concessão de microcrédito, emissão e troca de cédulas comunitárias.
3. Secretaria Administrativa
Cuida da documentação, registros e apoio administrativo do banco.
4. Comitê de Crédito
Grupo que analisa os pedidos de microcrédito e aprova concessões conforme as normas estabelecidas pela comunidade.
5. Sistema de Controle e Prestação de Contas
Ferramenta que garante a transparência na gestão dos recursos, emissão de moedas e relatórios periódicos à comunidade.
Moeda Social:
Cédula comunitária utilizada exclusivamente na rede de estabelecimentos conveniados do bairro ou cidade. Pode existir em formato físico e digital.
Microcrédito Produtivo:
Empréstimos de pequeno valor para incentivar negócios locais, com condições facilitadas e acompanhamento técnico.
As cédulas comunitárias, também chamadas de moedas sociais, são instrumentos financeiros locais criados pelos Bancos Comunitários para circulação exclusiva dentro da comunidade. Elas são emitidas com o objetivo de fortalecer a economia local, promovendo o consumo nos estabelecimentos credenciados e fomentando o comércio de bens e serviços da região.
A emissão de moedas sociais é definida pela gestão do Banco Comunitário, geralmente composta por lideranças comunitárias e representantes de associações locais. O processo segue critérios estabelecidos em assembleias ou conselhos locais.
Principais etapas:
Definição do valor de face e modelo da moeda.
Impressão das cédulas físicas (quando não digitais).
Registro e controle da quantidade emitida.
Criação de um fundo de lastro ou garantia (em reais ou outro ativo comunitário).
As moedas sociais podem ser:
Físicas: impressas em papel moeda personalizado, com elementos de segurança como carimbos, assinaturas e marcas d'água artesanal.
Digitais: disponibilizadas por meio de aplicativos ou sistemas de gestão, com transações eletrônicas entre consumidores, empreendedores e o banco social.
O controle das moedas sociais é feito de forma rigorosa para garantir a credibilidade do sistema. Os mecanismos incluem:
Registro de cédulas emitidas e retiradas de circulação.
Controle de transações e saldo de beneficiários.
Auditoria comunitária periódica.
Definição de prazos de validade para as cédulas.
Políticas de substituição e destruição de cédulas danificadas.
Embora as cédulas comunitárias sejam aceitas apenas no território definido pelo banco, elas são sempre convertidas a partir de reais, respeitando a paridade fixa de 1:1 na maioria dos casos. Esse modelo assegura que os valores convertidos permaneçam circulando na própria comunidade, promovendo o fortalecimento econômico local.
Explorar casos de sucesso de Bancos Comunitários e Cédulas Comunitárias no Brasil, analisando as boas práticas, os desafios enfrentados e os impactos gerados para as comunidades.
Banco Palmas (CE)
História: Fundado em 1998 em Fortaleza, o Banco Palmas é considerado o pioneiro dos Bancos Comunitários no Brasil. Seu objetivo é promover a inclusão social e financeira de comunidades periféricas através da oferta de crédito a juros baixos, sem a burocracia dos bancos tradicionais.
Cédulas Comunitárias: O Banco Palmas emitiu sua própria moeda social, o "Palmas", que circula dentro da comunidade como forma de incentivar o consumo local e fortalecer a economia solidária.
Impacto Social: O Banco Palmas teve um impacto significativo na melhoria da qualidade de vida dos moradores da comunidade do Conjunto Palmeiras, oferecendo não apenas crédito, mas também cursos de educação financeira, apoio a microempreendedores e programas de capacitação.
Desafios: Enfrentou dificuldades relacionadas à desconfiança das pessoas em relação ao uso de uma moeda local e à resistência de instituições financeiras tradicionais.
Banco Tupinambá (PA)
História: Criado em 2005, o Banco Tupinambá está localizado no município de Bragança, no Pará, e foi uma iniciativa de comunidades indígenas para promover o desenvolvimento econômico local e fortalecer as práticas de economia solidária.
Cédulas Comunitárias: O Banco Tupinambá utiliza a moeda social chamada "Tupinambá", com a finalidade de estimular o consumo dentro da própria comunidade e fortalecer a troca de produtos e serviços sem depender da moeda nacional.
Impacto Social: Além de gerar emprego e fomentar a economia local, o Banco Tupinambá contribuiu para a inclusão financeira de comunidades indígenas que, antes, estavam excluídas dos sistemas bancários convencionais.
Desafios: Um dos maiores desafios enfrentados foi a integração com o sistema financeiro nacional e a resistência de algumas comunidades a adotar a moeda social.
Banco Bem (ES)
História: Fundado em 2013, o Banco Bem foi criado no município de Vitória, no Espírito Santo, com o objetivo de apoiar empreendedores locais e promover a inclusão financeira. Ele oferece crédito e serviços bancários básicos com condições acessíveis para empreendedores da economia solidária.
Cédulas Comunitárias: A moeda social "Bem" foi criada para fortalecer a economia local e facilitar o acesso a crédito. Ela circula entre os associados do Banco Bem, incentivando a troca de bens e serviços entre membros da comunidade.
Impacto Social: O Banco Bem se destacou pela criação de uma rede de apoio entre microempreendedores, permitindo que os recursos financeiros circulassem de maneira mais justa e acessível.
Desafios: A principal dificuldade foi aumentar a confiança dos pequenos empreendedores e a integração das novas tecnologias com a moeda social em um contexto local.
Outras Iniciativas Nacionais e Regionais
Exemplo 1: Banco da Terra (MG): Em Minas Gerais, o Banco da Terra foi criado para promover a inclusão de pequenos produtores rurais. Ele utiliza a moeda social para estimular o comércio entre os membros da comunidade agrícola.
Exemplo 2: Banco Solidário do Maranhão (MA): Criado em 2011, esse banco comunitário oferece linhas de crédito para agricultores familiares e pequenos produtores, com foco no fortalecimento da agricultura sustentável e solidária.
Exemplo 3: Banco Comunitário de São João Nepomuceno (MG): Um banco comunitário que utiliza a moeda social "Sonho", com foco na promoção de uma economia solidária entre trabalhadores rurais e urbanos da região.
Estudo de Caso: Os alunos serão divididos em grupos e receberão um dos exemplos de banco comunitário brasileiro para analisar. Eles deverão responder a perguntas como:
Quais foram os principais objetivos da criação do banco comunitário?
Quais cédulas ou moedas sociais foram utilizadas e qual a sua importância para a comunidade?
Quais desafios o banco enfrentou e como os superou?
Quais impactos sociais e econômicos foram gerados para a comunidade?
Discussão: Após a análise, cada grupo apresentará suas conclusões para a turma e discutirá como essas experiências podem ser aplicadas em outros contextos regionais ou em outras partes do Brasil.
Os Bancos Comunitários e as Cédulas Comunitárias no Brasil têm demonstrado ser ferramentas poderosas para a promoção da inclusão social e econômica. Ao olhar para esses exemplos, podemos aprender com as boas práticas e também com os desafios enfrentados. A economia solidária oferece uma alternativa viável para comunidades que buscam autonomia financeira e desenvolvimento local sustentável.
Entender como a gestão participativa contribui para o sucesso dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento e o papel fundamental do Conselho Gestor na tomada de decisões coletivas.
O que é Gestão Participativa?
Definição: A gestão participativa é um modelo de gestão onde todos os membros da comunidade têm voz ativa nas decisões. Em vez de um modelo hierárquico tradicional, busca-se a igualdade e a participação em todas as etapas do processo de decisão.
Importância: A gestão participativa fortalece o vínculo da comunidade com o banco, promove a transparência e fomenta o sentimento de pertencimento e responsabilidade.
Princípios da Gestão Participativa:
Inclusão: Todos os membros da comunidade, independentemente de sua posição social ou econômica, devem ser incluídos nas decisões.
Transparência: As decisões são tomadas de maneira aberta, com informações acessíveis a todos.
Equidade: As vozes de todos têm o mesmo peso no processo decisório.
Responsabilidade: Os membros da comunidade devem ser responsáveis pelos resultados das decisões coletivas.
O Conselho Gestor
Definição: O Conselho Gestor é o órgão máximo de decisão dentro do Banco Comunitário. Ele é composto por representantes da comunidade e outros atores locais que tomam decisões estratégicas para o banco e a economia solidária.
Composição: O Conselho é composto por representantes da comunidade, de grupos específicos (como grupos de mulheres, jovens, associações locais), e, em alguns casos, representantes de organizações parceiras ou do setor público.
Funções do Conselho Gestor:
Definir estratégias de desenvolvimento do banco comunitário.
Aprovar a emissão de cédulas comunitárias e políticas de crédito.
Avaliar a saúde financeira do banco e decidir sobre a implementação de novas iniciativas ou programas.
Garantir que a gestão do banco seja feita de forma transparente e responsável.
Tomada de Decisão Coletiva
Processo de Deliberação: As decisões são tomadas por consenso ou, em algumas situações, por votação. O processo deve ser participativo, garantindo que todos os membros tenham a oportunidade de opinar e influenciar a decisão final.
Exemplos de Decisões Coletivas:
Estabelecimento de regras de circulação de cédulas.
Definição de metas de financiamento para projetos comunitários.
Planejamento de ações para melhorar o impacto social do banco.
Processo de Prestação de Contas
A prestação de contas é um dos pilares da gestão participativa. O Conselho Gestor deve ser transparente nas ações e resultados do banco.
Relatórios de desempenho devem ser compartilhados com a comunidade, mostrando de forma clara como os recursos foram usados, quais foram os impactos e as metas atingidas.
A transparência na prestação de contas fortalece a confiança da comunidade no Banco Comunitário e garante que todos os membros se sintam responsáveis pelo sucesso coletivo.
Estudo de Caso: Os alunos serão divididos em grupos para analisar um exemplo de banco comunitário que adota o modelo de gestão participativa. Eles deverão identificar como o Conselho Gestor atua e como as decisões são tomadas dentro da comunidade.
Discussão: Como a gestão participativa pode ser aplicada em outros tipos de iniciativas solidárias, como cooperativas de trabalho ou associações de bairro?
A gestão participativa é fundamental para o sucesso e a sustentabilidade dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento. Ao garantir que todos os membros da comunidade tenham voz e possam influenciar as decisões, fortalece-se o banco e amplia-se o impacto social da economia solidária.
Os Bancos Sociais — também conhecidos como Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) — surgiram como resposta às desigualdades sociais e à exclusão financeira enfrentada por comunidades de baixa renda no Brasil. Inspirados em experiências internacionais de finanças solidárias, esses bancos propõem uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, promovendo o acesso ao crédito, o estímulo à produção local e a circulação de moedas sociais.
O primeiro banco comunitário brasileiro foi criado em 1998, na periferia de Fortaleza (CE), no Conjunto Palmeiras, sob o nome de Banco Palmas. Idealizado por lideranças comunitárias, o projeto surgiu com o objetivo de combater a pobreza e o desemprego, a partir da concessão de microcréditos e da criação de uma moeda social própria: a Palma.
A experiência pioneira do Banco Palmas serviu de modelo para outras comunidades pelo Brasil. A partir de 2005, com o apoio de organizações sociais, universidades e do próprio Governo Federal, a metodologia foi sistematizada e disseminada para diversos estados.
Em 2010, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES/MTE) reconheceu os bancos comunitários como instrumentos estratégicos para o desenvolvimento econômico e social de territórios vulneráveis.
A articulação em rede foi fundamental para o fortalecimento dos bancos sociais. Em 2009, foi criada a Rede Brasileira de Bancos Comunitários, responsável por integrar, organizar e dar suporte técnico às iniciativas espalhadas pelo país. Essa rede promove encontros, capacitações e políticas de fortalecimento da economia solidária.
Hoje, o Brasil conta com mais de 100 bancos comunitários ativos, distribuídos em todas as regiões, cada qual com sua moeda social e dinâmica própria. Muitas dessas instituições contam com tecnologias digitais, aplicativos e sistemas de gestão integrados para operacionalizar suas atividades.
Esses bancos atuam como agentes de inclusão produtiva, estímulo à cultura local, fortalecimento da identidade comunitária e alternativas para o desenvolvimento sustentável.
Compreender as leis e normas que regulam a Economia Solidária no Brasil, especificamente os Bancos Comunitários e as Cédulas Comunitárias, e como essas regulamentações impactam sua operação e sustentabilidade.
Introdução às Leis e Regulamentações da Economia Solidária no Brasil
O que é Economia Solidária?
A Economia Solidária é um modelo de organização econômica baseado nos princípios de solidariedade, autogestão, cooperação e sustentabilidade. No Brasil, ela é reconhecida como uma alternativa ao modelo capitalista tradicional e busca promover a inclusão social e o desenvolvimento local.
Reconhecimento Legal da Economia Solidária
A Economia Solidária foi reconhecida pela primeira vez no Brasil na década de 1990 e consolidou-se ao longo dos anos com o apoio de movimentos sociais e governamentais. A partir de 2001, com a Lei nº 10.668, houve um avanço significativo no reconhecimento dos bancos comunitários e das moedas sociais.
Legislação Relacionada aos Bancos Comunitários
Lei nº 10.194/2001 – Regulamentação de Moeda Social
Esta lei regulamenta as cédulas comunitárias e estabelece as diretrizes para a criação e uso de moedas sociais. A lei permite a emissão de moedas locais por Bancos Comunitários, que devem respeitar certos requisitos para garantir sua validade e circulação.
Lei nº 13.204/2015 – Política Nacional de Economia Solidária
A Lei nº 13.204 estabelece a Política Nacional de Economia Solidária, que visa fomentar e apoiar a criação e a consolidação de empreendimentos solidários. Ela define as diretrizes para a organização e o funcionamento de cooperativas, associações e bancos comunitários.
Normas do Banco Central (Bacen)
O Banco Central do Brasil (Bacen) estabelece normas que afetam diretamente os bancos comunitários. Embora os bancos comunitários operem fora do sistema bancário tradicional, é necessário que sigam determinadas regulamentações para garantir a transparência e a integridade financeira de suas operações. O Bacen, por exemplo, exige que as instituições financeiras (mesmo as de pequeno porte) sigam algumas normas de fiscalização e auditoria.
Moeda Social e Regulamentações Específicas
Criação de Moeda Social
A moeda social, como as cédulas comunitárias, deve ter um lastro que garanta sua circulação e valor. O lastro pode ser formado por bens e serviços da própria comunidade, como produtos locais ou serviços de microcrédito.
Regulamentação de Circulação
As moedas sociais não podem ser utilizadas para fins especulativos ou como investimentos. Elas têm uma circulação restrita ao território onde são emitidas e devem ser aceitas por todos os membros da comunidade. Além disso, as normas determinam que a moeda tenha um prazo de validade para evitar a estagnação ou acúmulo de moeda, incentivando a circulação constante.
Garantias Legais
A legislação brasileira não permite que a moeda social substitua a moeda nacional (real), mas oferece respaldo legal para sua utilização dentro dos limites das comunidades. Além disso, a utilização de cédulas comunitárias não pode violar as normas fiscais ou prejudicar a estabilidade econômica.
Relacionamento com o Banco Central e Outras Instituições Públicas
Banco Central e Moeda Social
O Bacen, embora regule as moedas tradicionais, não interfere diretamente nas cédulas comunitárias, desde que estas operem dentro de uma comunidade específica e não sejam confundidas com a moeda nacional. Contudo, o Bacen monitora as atividades de bancos comunitários para evitar práticas ilícitas ou a criação de sistemas paralelos que possam comprometer a economia nacional.
Regulamentação de Créditos e Empréstimos
Os bancos comunitários devem seguir as diretrizes de empréstimos estabelecidas pela Lei nº 10.194, garantindo que os créditos sejam oferecidos de maneira transparente e com condições justas para os tomadores de empréstimos. As taxas de juros também devem ser controladas para não prejudicar a sustentabilidade das comunidades.
Desafios Jurídicos e Regulatórios
Dificuldades de Reconhecimento Legal
Uma das principais dificuldades enfrentadas pelos bancos comunitários é a falta de um marco regulatório claro e específico que os ampare de maneira integral. Embora existam leis que tratam de forma geral sobre a economia solidária, o sistema bancário tradicional ainda é o foco principal da regulamentação, o que pode gerar insegurança jurídica para iniciativas de cédulas comunitárias.
Conflitos com o Sistema Financeiro Tradicional
O Banco Central e outras instituições financeiras frequentemente encaram as moedas sociais e os bancos comunitários com cautela, o que pode levar a conflitos e desafios regulatórios. A falta de uma regulamentação específica para as moedas sociais torna difícil para os bancos comunitários acessarem linhas de crédito e apoio financeiro convencional.
Estudo de Caso: Os alunos irão analisar uma situação em que um banco comunitário enfrentou desafios jurídicos relacionados à regulamentação. Eles deverão identificar como o banco lidou com a situação e discutir possíveis alternativas legais para solucionar o problema.
Discussão: Como a falta de um marco regulatório claro pode afetar o crescimento de bancos comunitários e quais mudanças legais poderiam ser propostas para melhorar o cenário?
A legislação brasileira sobre economia solidária e bancos comunitários ainda está em processo de desenvolvimento e adaptação, mas oferece uma base importante para garantir a legitimidade e sustentabilidade das iniciativas de moeda social. O entendimento das leis e normas é fundamental para garantir que os bancos comunitários operem dentro de um quadro legal seguro, respeitando a economia nacional e promovendo a inclusão financeira de forma justa e transparente.
Aplicar os conceitos aprendidos ao longo do curso na prática, simulando a criação de uma moeda social e o planejamento de um banco comunitário. Os alunos desenvolverão, em grupos, um projeto de banco comunitário e definirão as regras de circulação e lastro de sua moeda social, apresentando soluções para os desafios identificados nas aulas anteriores.
Planejamento de uma Moeda Social
Passo 1: Definir o Objetivo da Moeda Social
O primeiro passo é definir qual é o objetivo principal da moeda social. Ela será usada para fortalecer a economia local, incentivar o consumo de produtos da comunidade, ou como meio de pagamento de serviços específicos?
Perguntas a serem feitas:
Qual a finalidade da moeda?
Quais os bens e serviços que a moeda irá apoiar?
Qual é a comunidade-alvo da moeda?
Passo 2: Determinar o Lastro da Moeda
O lastro é o valor que garante a moeda social. Ele pode ser constituído por bens tangíveis ou intangíveis, como produtos locais, horas de trabalho ou serviços da própria comunidade.
Exemplo de lastros:
Produtos locais: hortifrúti, artesanato, etc.
Serviços: consultas, transporte, serviços domésticos, etc.
Perguntas a serem feitas:
Qual será o lastro da moeda?
Como garantir a confiança da comunidade no lastro escolhido?
Passo 3: Definir as Regras de Circulação
A moeda social precisa ter regras claras de circulação e utilização dentro da comunidade. Essas regras garantem que a moeda não seja acumulada por poucos e incentive o consumo e circulação contínua.
Definição de regras:
A moeda terá prazo de validade? Se sim, quanto tempo?
Quais os limites para o acúmulo da moeda?
A moeda será convertida de volta para a moeda nacional em algum momento?
Perguntas a serem feitas:
Como estimular a circulação constante da moeda?
Quais medidas evitarão que a moeda seja estagnada ou acumulada?
Planejamento de um Banco Comunitário
Passo 1: Definir a Estrutura do Banco Comunitário
Um banco comunitário precisa ter uma estrutura mínima para funcionar. Isso inclui uma equipe de gestão, uma forma de arrecadar fundos (seja por meio de doações, contribuições comunitárias ou parcerias), e um sistema para fornecer crédito a membros da comunidade.
Perguntas a serem feitas:
Como será estruturada a gestão do banco? Quem tomará as decisões?
Quais serviços financeiros o banco oferecerá?
Como o banco se sustentará financeiramente?
Passo 2: Definir o Modelo de Governança e Participação Comunitária
A gestão do banco comunitário deve ser participativa, envolvendo a comunidade em todas as decisões relevantes. Isso garante que o banco atenda às necessidades reais das pessoas e fortaleça a confiança.
Exemplo de modelo de governança:
Conselho Gestor composto por membros da comunidade.
Reuniões periódicas para prestar contas e tomar decisões coletivas.
Perguntas a serem feitas:
Como garantir a participação ativa da comunidade na gestão?
Como organizar o processo de tomada de decisão e prestação de contas?
Passo 3: Definir Parcerias e Fontes de Financiamento
O banco comunitário pode precisar de parcerias com outras entidades, como organizações governamentais, ONGs ou empresas, para garantir recursos financeiros e apoio logístico.
Perguntas a serem feitas:
Quais são as possíveis fontes de financiamento para o banco?
Que parcerias podem ser estabelecidas para garantir a sustentabilidade do banco?
Simulação Prática de Criação de Moeda Social e Banco Comunitário
Atividade em Grupos:
Os alunos serão divididos em grupos e terão a tarefa de criar um plano para um banco comunitário, incluindo:
Criação de uma moeda social.
Definição do lastro e das regras de circulação da moeda.
Planejamento da estrutura do banco, incluindo governança e serviços financeiros.
Identificação de fontes de financiamento e possíveis parcerias.
Passo 1: Criar a Moeda Social
Nome da moeda.
Determinação do lastro.
Regras de circulação (prazo de validade, limites, etc.).
Passo 2: Criar o Banco Comunitário
Definição da estrutura de gestão e governança.
Quais serviços financeiros serão oferecidos (empréstimos, microcrédito, etc.)?
Como o banco será financiado e sustentado?
Apresentação dos Projetos
Cada grupo apresentará seu plano para a turma, explicando:
A moeda social criada e suas regras.
A estrutura e funcionamento do banco comunitário.
As soluções para os principais desafios que podem surgir.
Discussão em Grupo:
Quais foram os maiores desafios no planejamento do banco e da moeda?
Como os alunos lidaram com os desafios e quais soluções encontraram?
Como as práticas de governança participativa podem ser implementadas na realidade?
A simulação de planejamento de um banco comunitário e de uma moeda social permite que os alunos apliquem os conceitos discutidos ao longo do curso. Eles também ganham experiência prática sobre como as iniciativas de economia solidária funcionam e como enfrentam desafios reais. Com essa atividade, os alunos devem ser capazes de compreender melhor as complexidades do planejamento e execução de projetos de economia solidária.