A Casa Cunhadora de Sabará foi uma das oficinas monetárias coloniais brasileiras instaladas em Minas Gerais, durante o auge do ciclo do ouro no século XVIII. Criada para atender à crescente demanda de cunhagem na região mineradora, sua existência representou mais uma iniciativa da Coroa Portuguesa no esforço de controlar a produção de moedas de ouro, garantir a arrecadação de tributos e combater o contrabando.
Este artigo apresenta a história, o funcionamento e o legado histórico dessa importante casa cunhadora.
A cidade de Sabará, assim como outras vilas da região das Minas Gerais, prosperou com a intensa exploração aurífera a partir do final do século XVII. Com a necessidade de conversão do ouro em pó em moeda legal e o controle fiscal da Coroa, surgiram casas cunhadoras locais para atender as regiões mais produtivas.
A Casa de Sabará foi parte desse projeto de descentralização monetária, num momento em que a Coroa buscava organizar e normatizar a circulação monetária no interior da colônia.
A Casa Cunhadora de Sabará foi criada oficialmente pelo Alvará Régio de 13 de abril de 1748, na mesma data da autorização para a casa de Mariana. A escolha de Sabará se justificava pela localização estratégica e pelo volume expressivo de ouro extraído na região e arredores.
Funcionava em prédio próprio, dotado de infraestrutura adequada para fundição, pesagem, aferição e cunhagem de moedas. Assim como em outras casas cunhadoras, utilizava prensas, moldes e balanças trazidas de Portugal, operadas por oficiais habilitados.
Os mineradores levavam o ouro em pó para pesagem e fundição.
Descontava-se o quinto, o imposto de 20% cobrado pela Coroa.
O restante do ouro era convertido em moedas conforme os padrões definidos pela legislação portuguesa.
Cada moeda recebia a marca identificadora da casa local e os símbolos do Reino de Portugal.
A Casa Cunhadora de Sabará funcionou entre 1748 e 1753, acompanhando o mesmo ciclo das demais casas regionais mineiras criadas no período. Sua existência, embora breve, foi fundamental no contexto da organização monetária da Capitania de Minas Gerais.
Ouro (único metal cunhado)
Moedas de ouro de 4.000, 2.000, 1.000 e 500 réis
As moedas cunhadas em Sabará recebiam a sigla S, geralmente localizada abaixo do escudo ou em pontos estratégicos do reverso, facilitando sua identificação no controle monetário.
Exemplo de marca:
MOEDA: 2.000 réis de ouro – ano 1750 – sigla "S"
A principal função da casa era assegurar o recolhimento do quinto e transformar o ouro extraído em moeda oficial, de circulação legal, garantindo a arrecadação da Coroa.
A emissão local de moedas favorecia o comércio e os negócios na região, dispensando o transporte do ouro em pó para centros distantes e reduzindo os riscos de extravio e roubo.
A operação da Casa Cunhadora de Sabará auxiliou na repressão ao contrabando e na regularização da economia mineradora, que se tornava cada vez mais intensa e complexa.
Seguindo a política de centralização monetária da Coroa, a Casa Cunhadora de Sabará foi desativada em 1753, juntamente com as demais oficinas regionais de Minas Gerais. A partir de então, toda a cunhagem de moedas passou a se concentrar em Lisboa e no Rio de Janeiro.
A Casa Cunhadora de Sabará, embora tenha funcionado por apenas cinco anos, deixou sua marca na história monetária brasileira. Suas moedas são hoje peças raras e valiosas, valorizadas por colecionadores e estudadas por especialistas em numismática.
Além disso, sua existência revela a importância econômica de Sabará no ciclo do ouro e ilustra a estratégia administrativa portuguesa para controlar a economia colonial no interior do Brasil.
A Casa Cunhadora de Sabará cumpriu papel crucial no contexto fiscal e econômico da Capitania de Minas Gerais durante o século XVIII. Sua contribuição para a organização monetária da região e a preservação da arrecadação régia durante o auge da mineração a consolidaram como elemento importante da história econômica colonial.
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