No universo da numismática, há muito mais do que moedas e cédulas. As medalhas contam histórias. Elas são, nas palavras de José Roberto Ulian, “livros em metal”. Nessa entrevista para a Sociedade Numismática Brasileira (SNB), Ulian compartilha sua trajetória no colecionismo, destacando como a paixão pelas medalhas o levou a um mergulho profundo no estudo, na história e na arte.
José Roberto começou como muitos colecionadores: de forma solitária, juntando cédulas esporadicamente. Em 2018, ao se aposentar, decidiu levar o hobby mais a sério. Visitando feiras e lojas, foi se aprofundando. No entanto, foi só em 2022, ao ingressar na SNB, que sua jornada realmente mudou de patamar.
“Colecionar sozinho é o primeiro erro”, afirma. Foi a convivência com outros entusiastas que lhe abriu as portas para o verdadeiro colecionismo: o compartilhamento de conhecimento, as trocas, os leilões e, principalmente, a amizade.
Tudo mudou com uma medalha ligada ao universo do turfe. “Achei linda e fui pesquisar quem era o gravador. Descobri o professor Girardet. A partir daí, fui fisgado.”
José Roberto decidiu focar. Escolheu as medalhas do gravador Girardet como tema principal e mergulhou na pesquisa. “Não coleciono por quilo. Cada medalha tem um motivo, uma história. Eu preciso saber o que estou guardando.”
Seu método é exemplar: para cada medalha, escreve um resumo com o contexto histórico, a iconografia e o significado da peça. Para ele, a medalha não é apenas um objeto — é cultura condensada.
A entrada na SNB representou uma virada. Ulian passou a conviver com o que carinhosamente chama de “cardinalato” — um grupo de estudiosos experientes e generosos, como Salvador Portela, Gilberto Tenor e Marco Kog, com quem aprende continuamente.
“Eles sabem tudo. É um privilégio ouvir e conversar com essas pessoas”, diz. Com essa convivência, também aprendeu a valorizar as bibliotecas, os boletins antigos e as fontes de informação esquecidas.
“Conhecimento é um bem intransferível, mas quando compartilhado, se multiplica.” Ulian escreve artigos, participa de lives, dá palestras e contribui ativamente com a SNB. Seu foco é formar um colecionador consciente, que estuda, se aprofunda e contribui.
Ao longo da entrevista, ele compartilha histórias divertidas — como o episódio em que arrematou um título do Jockey Club sem saber que o colega Gilberto Tenor estava tentando comprá-lo para presenteá-lo —, mas também oferece dicas valiosas:
Tenha um foco claro no que deseja colecionar.
Estude profundamente cada peça.
Busque fontes confiáveis, como bibliotecas e publicações especializadas.
Participe de uma comunidade ativa.
Compartilhe o que aprende.
Para José Roberto Ulian, cada medalha é uma obra de arte, um retrato de um momento da história. “Não é só metal. É cultura, é memória, é legado.”
Ele encerra a conversa com uma frase que resume sua visão:
“A vida é breve. O aprendizado é longo.”
Cada minuto estudando, pesquisando, conversando ou escrevendo sobre medalhas é um passo em direção a um conhecimento que ninguém pode tirar.
Comentário