Na série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira (SNB), Osvaldo Rodrigues recebe Rui Peretti, autor do livro "Segredos das Cédulas Brasileiras" e vencedor do prêmio SNB de melhor publicação de 2022. Rui compartilha suas descobertas, desafios e encantamentos com as cédulas — uma paixão que começou na infância e se transformou em um trabalho de referência no meio numismático.
Rui conta que sempre foi um ajuntador: latinhas, chaveiros, embalagens... Mas foi aos quatro anos, ao vasculhar o criado-mudo do pai, que encontrou sua primeira relíquia: uma cédula da década de 60 — a famosa "abobrinha", que ainda guarda até hoje.
“Fiquei olhando, achando bonito. Dobrei e guardei como um tesouro. E foi aí que tudo começou.”
Essa primeira peça acendeu a chama da curiosidade que, com o tempo, se transformaria em conhecimento profundo sobre cédulas brasileiras.
O fascínio visual logo virou estudo: Rui passou a observar minúcias das cédulas — texturas, marcas d'água, técnicas de impressão como calcografia e litografia, tintas e elementos de segurança. O que era passatempo virou pesquisa.
“Tem muita coisa escondida nas cédulas. É ali, nos detalhes, que estão os segredos.”
O resultado dessa jornada está reunido no livro “Segredos das Cédulas Brasileiras”, uma obra que reúne décadas de observações, anotações, estudos e conversas com colecionadores. A publicação foi reconhecida como a melhor de 2022 pela SNB.
Rui decidiu escrever o livro ao perceber a quantidade de dúvidas que via nos grupos de WhatsApp de colecionadores. Com conteúdo claro, acessível e técnico, o livro foi criado para ajudar quem está começando e para quem busca aprofundamento.
“Meu objetivo era evitar que iniciantes desanimassem com informações erradas. Quis entregar algo que ajudasse o colecionador a começar certo.”
A obra recebeu uma medalha comemorativa, um diploma oficial da SNB e um selo de reconhecimento que agora acompanha os exemplares físicos do livro.
Um dos focos do livro é a preservação de cédulas. Rui explica que muita gente danifica suas peças por não saber como armazená-las corretamente.
“Umidade, luz, calor, toque direto — tudo isso pode destruir uma cédula com o tempo.”
Ele ensina técnicas de manuseio, tipos de plásticos ideais, temperatura ambiente e dicas valiosas para manter uma coleção em estado de flor de estampa.
Rui já teve aventuras em busca de cédulas até em bancos centrais do exterior, como nos Emirados Árabes Unidos — onde, entre seguranças armados e calor de 50 graus, teve apenas seis minutos para perguntar por cédulas (e não encontrou nenhuma).
Seu xodó? Além da “abobrinha”, destaca uma prova progressiva do cabeção com microchancela do Carlos Brandão — peça raríssima e única com essa assinatura.
Rui reforça a importância de ter foco na hora de colecionar:
“Quer colecionar réis? Foque neles. Não tente abraçar o mundo ou comprar tudo. Vá com calma, com estudo, com critério. Isso é o que sustenta a paixão.”
Ele também recomenda clássicos da literatura numismática, como os catálogos de Álvaro Trigueiros, além de visitar a biblioteca da SNB, onde realizou parte de sua pesquisa.
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