O NumisPlay, plataforma dedicada à divulgação da cultura numismática, apresenta mais uma entrevista exclusiva, desta vez com Cláudio Amato, numismata, autor de catálogos de referência e profundo conhecedor da história numismática brasileira. Nesta conversa conduzida por Osvaldo Rodrigues, Cláudio compartilhou momentos marcantes de sua jornada, experiências com grandes nomes do meio e reflexões sobre o futuro da numismática nacional.
A paixão de Cláudio pela numismática teve origem curiosa: em uma ida ao cinema, na infância, recebeu um troco em moedas que chamou sua atenção. A partir dali, incentivado pelo pai e abastecido pela tia que trabalhava como caixa na 25 de Março, iniciou sua coleção. Aos nove anos, adquiriu seu primeiro catálogo — o famoso Planeta — e, pouco depois, passou a frequentar a tradicional Praça da República, em São Paulo, ponto de encontro de colecionadores e comerciantes.
Cláudio Amato ingressou na Sociedade Numismática Brasileira (SNB) em 1987, tendo como padrinhos Arnaldo Russo e Wilson Lopes. Não demorou para se envolver ativamente nas gestões e projetos. Em 1989, participou de sua primeira diretoria e, anos depois, integrou o grupo responsável pela modernização administrativa e digital da SNB a partir de 2003.
Entre as ações implantadas, destacam-se a informatização do cadastro de associados, emissão de boletos bancários para mensalidades, reestruturação física da sede e a criação do Congresso Latino-Americano de Numismática, posteriormente transformado no Congresso Brasileiro.
Embora colecione moedas e cédulas brasileiras em geral, Cláudio é reconhecido, sobretudo, pelos catálogos que produziu. Em 1997, iniciou a edição do Livro das Cédulas do Brasil, posteriormente ampliado para moedas e medalhas. Ao todo, são 17 catálogos publicados, entre cédulas, moedas e medalhas brasileiras.
Atualmente, Cláudio também atua na preparação da segunda edição do catálogo de medalhas, prevista para lançamento comemorativo do bicentenário da Independência.
Para Cláudio, a numismática vai além do colecionismo: é ciência histórica e cultural. Por isso, envolveu-se em cursos, palestras e congressos no Brasil, Estados Unidos e Europa, além de promover oficinas e módulos de formação. Ele defende a importância do estudo contínuo e da documentação confiável como bases para o crescimento consciente da comunidade numismática.
Amato destaca que, para iniciar bem no colecionismo, o ideal é adquirir um catálogo atualizado e definir um foco: seja moedas do Império, do padrão real, cédulas do Brasil ou medalhas. Alerta também para os riscos de informações distorcidas na internet e enfatiza o papel fundamental das sociedades numismáticas na orientação de colecionadores.
Sobre tendências de valorização, Cláudio acredita no potencial das moedas de prata divisionárias e das cédulas de boa qualidade do Império. Ressaltou também a complexidade e os custos elevados dos serviços de certificação internacional, que ainda não são acessíveis de forma viável no Brasil.
Cláudio Amato é mais do que um colecionador: é referência, autor, educador e testemunha de décadas da história numismática brasileira. Sua trajetória é marcada pela busca constante de conhecimento e pela generosidade em compartilhar experiências e aprendizados.
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