Como parte da série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira, Osvaldo Rodrigue, diretor social de divulgação, entrevistou Rolando Renato Testolino, destacado numismata, colecionador e pesquisador. A conversa, integrada às iniciativas de promoção do colecionismo e da pesquisa, explorou a trajetória de Rolando, suas contribuições para a numismática brasileira e o papel das moedas como artefatos históricos que preservam a memória cultural e econômica do país.
Rolando Renato Testolino descobriu a numismática na década de 1970, ainda jovem, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Sua paixão começou ao herdar uma pequena coleção de moedas do período republicano de um tio, que o fascinou pelo design detalhado e pelas histórias que cada peça contava. Esse interesse inicial o levou a estudar História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde aprofundou seus conhecimentos em numismática sob a orientação de professores especializados em história econômica. Hoje, Rolando é uma figura respeitada no meio numismático, conhecido por sua dedicação ao colecionismo e à divulgação.
Atualmente, Rolando atua como consultor de coleções privadas e colaborador ativo da Sociedade Numismática Brasileira, além de organizar eventos que reúnem colecionadores e entusiastas. Um de seus projetos mais recentes foi a curadoria de uma exposição sobre moedas do Segundo Reinado, realizada em um centro cultural em Porto Alegre. A exposição destacou peças raras, como moedas de prata cunhadas durante o reinado de Dom Pedro II, e incluiu painéis explicativos que abordavam o contexto econômico e político da época. O trabalho de Rolando combinou catalogação técnica e narrativas acessíveis, atraindo um público diversificado.
Durante a entrevista, Rolando destacou que a numismática é uma ponte entre o passado e o presente, conectando história, arte e economia. Ele explicou que cada moeda reflete as intenções de quem a produziu, desde os símbolos gravados até os materiais utilizados. Como exemplo, mencionou as moedas do Cruzeiro Novo, introduzidas na década de 1960, que buscavam transmitir modernidade em meio a reformas econômicas, contrastando com as moedas de ouro do período colonial, que simbolizavam o poder da coroa portuguesa. Para Rolando, essas peças são documentos históricos que complementam os registros escritos, oferecendo uma perspectiva única sobre a sociedade.
A preservação de moedas é uma das prioridades de Rolando. Ele enfatizou a importância de manter a pátina em moedas de prata, que protege contra a corrosão, e alertou contra restaurações invasivas, que podem comprometer a autenticidade. Rolando recomenda aos colecionadores o uso de luvas de algodão e envelopes de polipropileno para proteger as peças de umidade e poeira. Para análises técnicas, ele utiliza ferramentas como lupas, paquímetros e balanças de precisão, que revelam detalhes como marcas de cunhagem e desgastes indicativos de circulação.
Embora a numismática não seja amplamente ensinada nas universidades brasileiras, Rolando desenvolveu sua expertise por meio de estudos autodidatas, participação em congressos e trocas com outros colecionadores. Ele utiliza catálogos de referência, como os de Arnaldo Russo para moedas brasileiras e os da Krause Publications para peças internacionais, combinando edições impressas e digitais. Para Rolando, o exame físico das moedas é essencial, pois permite observar nuances, como microgravuras, que escapam às imagens digitais.
Rolando é um defensor da numismática como ferramenta de engajamento cultural. Ele organiza oficinas para jovens colecionadores, utilizando réplicas de moedas para ensinar sobre a história econômica e social do Brasil. Essas iniciativas incentivam os participantes a valorizar o colecionismo como uma forma de aprendizado. Ele também participa de feiras numismáticas, que reúnem colecionadores e pesquisadores, fortalecendo a comunidade numismática. Rolando destacou a importância desses eventos para a troca de conhecimentos e a descoberta de peças raras.
Como pesquisador, Rolando publicou artigos em blogs e revistas especializadas, incluindo contribuições para os periódicos da Sociedade Numismática Brasileira. Um de seus textos recentes analisou as moedas comemorativas dos Jogos Olímpicos Rio 2016, explorando como elas refletiam a diversidade cultural brasileira. Ele também está envolvido na organização do próximo Congresso Brasileiro de Numismática, onde apresentará uma pesquisa sobre a evolução das moedas regionais no Brasil colonial.
Diferentemente de muitos numismatas, Rolando mantém uma coleção pessoal, focada em moedas do período imperial brasileiro. Ele vê o colecionismo como uma extensão de sua paixão pela história, mas enfatiza a importância de compartilhar conhecimento com a comunidade. Rolando elogiou iniciativas digitais, como plataformas online e tours virtuais de museus, que, especialmente durante a pandemia, democratizaram o acesso às coleções numismáticas, permitindo que entusiastas de todo o mundo explorassem acervos remotamente.
A entrevista reforçou o compromisso da Sociedade Numismática Brasileira em promover o colecionismo e a pesquisa numismática. Osvaldo Rodrigue destacou a relevância de figuras como Rolando, que combinam entusiasmo, conhecimento e dedicação à divulgação. Para os amantes da numismática, a trajetória de Rolando Renato Testolino é uma inspiração para enxergar nas moedas não apenas objetos de coleção, mas narrativas históricas que conectam gerações, preservando a identidade cultural brasileira.
Comentário