Como parte da série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira, Osvaldo Rodrigue, diretor social de divulgação, entrevistou Luiz Eduardo Viacava, destacado numismata, colecionador e divulgador da numismática. A conversa, integrada às iniciativas de promoção do colecionismo e da pesquisa, explorou a trajetória de Luiz Eduardo, suas contribuições para a numismática brasileira e o papel das moedas como artefatos históricos que preservam a memória cultural e econômica do país.
Luiz Eduardo Viacava descobriu a numismática na década de 1980, ainda adolescente, em São Paulo. Sua paixão começou ao receber de seu avô uma moeda de prata do reinado de Dom Pedro II, que o intrigou pelo design intricado e pela história que carregava. Esse presente despertou um interesse duradouro, levando-o a estudar História na Universidade de São Paulo, onde aprofundou seus conhecimentos em numismática sob a orientação de professores especializados em história econômica. Hoje, Luiz Eduardo é uma figura central no cenário numismático, conhecido por sua dedicação ao colecionismo e à promoção da numismática.
Atualmente, Luiz Eduardo atua como consultor de coleções privadas e colaborador ativo da Sociedade Numismática Brasileira, além de manter um blog onde compartilha conteúdos educativos sobre moedas e cédulas. Um de seus projetos mais recentes foi a organização de uma exposição sobre moedas do Plano Real, realizada em um centro cultural em São Paulo. A exposição destacou peças lançadas em 1994, que marcaram a estabilização econômica, e incluiu textos explicativos sobre o contexto político e social da época. O trabalho de Luiz Eduardo combinou catalogação técnica e narrativas acessíveis, atraindo colecionadores e curiosos.
Durante a entrevista, Luiz Eduardo destacou que a numismática é mais do que um hobby: é uma forma de preservar a história. Ele explicou que cada moeda reflete as prioridades culturais e políticas de sua época, desde os símbolos gravados até os materiais escolhidos. Como exemplo, mencionou as moedas comemorativas dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, em 2000, que celebravam a diversidade cultural, contrastando com as moedas de cobre do período colonial, marcadas pela simplicidade e pela economia de recursos. Para Luiz Eduardo, essas peças são fontes primárias que complementam registros históricos, oferecendo uma perspectiva única sobre o passado.
A preservação de moedas é uma das prioridades de Luiz Eduardo. Ele destacou a importância de manter a pátina em moedas de prata, que protege contra a corrosão, e alertou contra restaurações invasivas, que podem comprometer a autenticidade. Ele recomenda aos colecionadores o uso de luvas de algodão e cápsulas de acrílico para proteger as peças de umidade e poeira. Para análises técnicas, Luiz Eduardo utiliza ferramentas como lupas, paquímetros e balanças de precisão, que revelam detalhes como marcas de cunhagem e desgastes indicativos de circulação.
Embora a numismática não seja amplamente ensinada nas universidades brasileiras, Luiz Eduardo desenvolveu sua expertise por meio de estudos autodidatas e participação em eventos numismáticos. Ele utiliza catálogos de referência, como os de Arnaldo Russo para moedas brasileiras e os da Krause Publications para peças internacionais, combinando consultas em edições impressas e digitais. Para Luiz Eduardo, o contato físico com as moedas é essencial, pois permite observar nuances, como microgravuras, que escapam às imagens digitais.
Luiz Eduardo é um defensor da numismática como ferramenta de divulgação cultural. Ele organiza oficinas para jovens colecionadores, utilizando réplicas de moedas para ensinar sobre a história econômica e social do Brasil. Essas iniciativas incentivam os participantes a valorizar o colecionismo como uma forma de aprendizado. Ele também participa de feiras numismáticas, que reúnem colecionadores e pesquisadores, fortalecendo a comunidade numismática. Luiz Eduardo destacou a importância desses eventos para a troca de conhecimentos e a descoberta de peças raras.
Como divulgador, Luiz Eduardo publicou artigos em blogs e revistas especializadas, incluindo contribuições para os periódicos da Sociedade Numismática Brasileira. Um de seus textos recentes analisou as moedas do Cruzeiro, introduzidas na década de 1940, explorando como elas refletiam as transformações econômicas do período. Ele também está envolvido na organização do próximo Congresso Brasileiro de Numismática, onde conduzirá uma palestra sobre a evolução das moedas comemorativas no Brasil.
Diferentemente de muitos numismatas, Luiz Eduardo mantém uma coleção pessoal, focada in moedas brasileiras do período republicano. Ele vê o colecionismo como uma extensão de sua paixão pela história, mas enfatiza a importância de compartilhar conhecimento com a comunidade. Luiz Eduardo elogiou iniciativas digitais, como plataformas online e tours virtuais de museus, que, especialmente durante a pandemia, democratizaram o acesso às coleções numismáticas, permitindo que entusiastas de todo o mundo explorassem acervos remotamente.
A entrevista reforçou o compromisso da Sociedade Numismática Brasileira em promover o colecionismo e a pesquisa numismática. Osvaldo Rodrigue destacou a relevância de figuras como Luiz Eduardo, que combinam entusiasmo, conhecimento e dedicação à divulgação. Para os amantes da numismática, a trajetória de Luiz Eduardo Viacava é uma inspiração para enxergar nas moedas não apenas objetos de coleção, mas narrativas históricas que conectam o passado ao presente, preservando a identidade cultural brasileira.
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