Como parte da série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira, Osvaldo Rodrigue, diretor social de divulgação, entrevistou João Silvio S. Olim, destacado numismata, colecionador e divulgador da numismática. A conversa, integrada às iniciativas de promoção do colecionismo e da pesquisa, explorou a trajetória de João Silvio, suas contribuições para a numismática brasileira e o papel das moedas como artefatos históricos que conectam gerações através da memória cultural e econômica.
João Silvio S. Olim descobriu a numismática na década de 1970, ainda jovem, em Recife, Pernambuco. Sua paixão começou ao encontrar uma moeda de prata do período imperial em um baú de família, o que o intrigou pelo design detalhado e pela história que a peça carregava. Esse achado o levou a estudar História na Universidade Federal de Pernambuco, onde aprofundou seus conhecimentos em numismática sob a orientação de professores especializados em história econômica. Hoje, João Silvio é uma figura respeitada no cenário numismático, conhecido por sua dedicação ao colecionismo e à promoção da numismática.
Atualmente, João Silvio atua como consultor de coleções privadas e colaborador ativo da Sociedade Numismática Brasileira, além de organizar eventos que reúnem colecionadores no Nordeste. Um de seus projetos mais recentes foi a curadoria de uma exposição sobre moedas coloniais brasileiras, realizada em um museu em Recife. A exposição destacou peças raras, como moedas de cobre cunhadas na Casa da Moeda da Bahia no século XVIII, e incluiu textos explicativos que abordavam o papel dessas moedas no comércio colonial. O trabalho de João Silvio combinou catalogação técnica e narrativas acessíveis, alcançando um público diversificado.
Durante a entrevista, João Silvio destacou que a numismática é uma ponte entre o passado e o presente, conectando história, arte e sociedade. Ele explicou que cada moeda reflete as intenções de quem a produziu, desde os símbolos gravados até os materiais utilizados. Como exemplo, mencionou as moedas do Cruzeiro Novo, lançadas na década de 1960, que buscavam transmitir modernidade em meio a reformas econômicas, contrastando com as moedas de prata do Segundo Reinado, que simbolizavam a estabilidade monárquica. Para João Silvio, essas peças são documentos históricos que complementam registros escritos, oferecendo uma perspectiva única sobre o contexto social.
A preservação de moedas é uma das prioridades de João Silvio. Ele enfatizou a importância de manter a pátina em moedas de prata, que protege contra a corrosão, e alertou contra restaurações invasivas, que podem comprometer a autenticidade. Ele recomenda aos colecionadores o uso de luvas de algodão e envelopes de polipropileno para proteger as peças de umidade e poeira. Para análises técnicas, João Silvio utiliza ferramentas como lupas, paquímetros e balanças de precisão, que revelam detalhes como marcas de cunhagem e desgastes indicativos de circulação.
Embora a numismática não seja amplamente ensinada nas universidades brasileiras, João Silvio desenvolveu sua expertise por meio de estudos autodidatas e participação em congressos numismáticos. Ele utiliza catálogos de referência, como os de Arnaldo Russo para moedas brasileiras e os da Krause Publications para peças internacionais, combinando edições impressas e digitais. Para João Silvio, o exame físico das moedas é essencial, pois permite observar nuances, como microgravuras, que escapam às imagens digitais.
João Silvio é um defensor da numismática como ferramenta de engajamento cultural. Ele organiza oficinas para jovens colecionadores, utilizando réplicas de moedas para ensinar sobre a história econômica e social do Brasil. Essas iniciativas incentivam os participantes a valorizar o colecionismo como uma forma de aprendizado. Ele também participa de feiras numismáticas, que reúnem colecionadores e pesquisadores, fortalecendo a comunidade numismática. João Silvio destacou a importância desses eventos para a troca de conhecimentos e a descoberta de peças raras.
Como divulgador, João Silvio publicou artigos em blogs e revistas especializadas, incluindo contribuições para os periódicos da Sociedade Numismática Brasileira. Um de seus textos recentes analisou as moedas comemorativas do bicentenário da Independência, em 2022, explorando como elas refletiam a diversidade cultural brasileira. Ele também está envolvido na organização do próximo Congresso Brasileiro de Numismática, onde conduzirá uma palestra sobre a influência das moedas coloniais na formação do sistema monetário brasileiro.
Diferentemente de muitos numismatas, João Silvio mantém uma coleção pessoal, focada em moedas brasileiras do período colonial. Ele vê o colecionismo como uma extensão de sua paixão pela história, mas enfatiza a importância de compartilhar conhecimento com a comunidade. João Silvio elogiou iniciativas digitais, como plataformas online e tours virtuais de museus, que, especialmente durante a pandemia, democratizaram o acesso às coleções numismáticas, permitindo que entusiastas de todo o mundo explorassem acervos remotamente.
A entrevista reforçou o compromisso da Sociedade Numismática Brasileira em promover o colecionismo e a pesquisa numismática. Osvaldo Rodrigue destacou a relevância de figuras como João Silvio, que combinam entusiasmo, conhecimento e dedicação à divulgação. Para os amantes da numismática, a trajetória de João Silvio S. Olim é uma inspiração para enxergar nas moedas não apenas objetos de coleção, mas narrativas históricas que conectam o passado ao presente, preservando a identidade cultural brasileira.
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