Como parte da série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira, Osvaldo Rodrigue, diretor social de divulgação, entrevistou Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa, destacado numismata, historiador e entusiasta do colecionismo. A conversa, integrada às iniciativas de promoção da numismática, explorou a trajetória de Antonio Luiz, suas contribuições para a numismática brasileira e o papel das moedas como documentos históricos que preservam a memória cultural e econômica do país.
Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa descobriu a numismática na década de 1980, enquanto cursava História na Universidade Federal da Bahia, em Salvador. Seu interesse foi despertado ao analisar uma coleção de moedas coloniais durante um projeto sobre o comércio atlântico. Fascinado pela capacidade das moedas de contar histórias através de seus desenhos e materiais, ele mergulhou no estudo da numismática, guiado por mentores especializados em história monetária. Desde então, Antonio Luiz tornou-se uma figura central no cenário numismático, conhecido por sua dedicação à pesquisa e à divulgação.
Atualmente, Antonio Luiz atua como consultor de acervos numismáticos em museus e colaborador ativo da Sociedade Numismática Brasileira. Um de seus projetos mais recentes foi a organização de uma exposição itinerante sobre moedas do período republicano, que percorreu cidades do Nordeste. A exposição destacou peças raras, como as moedas de níquel da Proclamação da República, e incluiu materiais educativos que contextualizavam o papel dessas moedas na formação da identidade nacional. O projeto combinou catalogação técnica e narrativas acessíveis, alcançando públicos diversos.
Durante a entrevista, Antonio Luiz destacou que a numismática é uma disciplina que conecta história, arte e economia. Ele explicou que cada moeda reflete as intenções de quem a produziu, desde os símbolos gravados até os metais escolhidos. Como exemplo, mencionou as moedas de prata do Primeiro Reinado, que exibiam a efígie de Dom Pedro I para legitimar a independência, contrastando com as moedas de cobre do mesmo período, usadas em transações locais. Para Antonio Luiz, essas peças são fontes históricas que complementam registros escritos, revelando dinâmicas sociais e econômicas.
A conservação de moedas é uma das prioridades de Antonio Luiz. Ele enfatizou a importância de preservar a pátina em moedas de prata, que protege contra a corrosão, e alertou contra restaurações invasivas, que podem comprometer a autenticidade. Ele recomenda aos colecionadores o uso de luvas de nitrilo e envelopes de polipropileno para proteger as peças de umidade e poeira. Para análises técnicas, Antonio Luiz utiliza ferramentas como lupas, paquímetros e microscópios, que permitem identificar detalhes como marcas de cunhagem e desgastes que indicam a circulação das moedas.
Embora a numismática não seja amplamente ensinada nas universidades brasileiras, Antonio Luiz desenvolveu sua expertise por meio de estudos autodidatas e participação em congressos numismáticos. Ele utiliza catálogos de referência, como os de Arnaldo Russo para moedas brasileiras e os da Krause Publications para peças internacionais, combinando edições impressas e digitais. Para Antonio Luiz, o exame físico das moedas é indispensável, pois revela nuances, como microgravuras, que escapam às imagens digitais.
Antonio Luiz é um defensor da numismática como ferramenta pedagógica. Ele coordena oficinas para estudantes, utilizando réplicas de moedas para ensinar sobre a história econômica e cultural do Brasil. Essas iniciativas incentivam os jovens a enxergar as moedas como objetos narrativos, capazes de despertar curiosidade e promover o aprendizado. Ele também participa de exposições numismáticas, que utilizam narrativas visuais e textos informativos para tornar a história monetária acessível a públicos variados.
Como pesquisador, Antonio Luiz publicou artigos em revistas especializadas, incluindo a Revista Numismática da Sociedade Ibero-Americana de Numismática e os periódicos da Sociedade Numismática Brasileira. Um de seus estudos recentes analisou as moedas comemorativas dos 400 anos de Salvador, em 1949, explorando como elas refletiam a identidade cultural da cidade. Ele também está envolvido na organização do próximo Congresso Brasileiro de Numismática, onde apresentará uma pesquisa sobre a influência das casas da moeda regionais no Brasil colonial.
Apesar de sua dedicação, Antonio Luiz não mantém uma coleção pessoal, preferindo contribuir para a preservação de acervos institucionais. Ele acredita que o trabalho com coleções públicas promove o acesso democrático ao conhecimento e fortalece o patrimônio cultural. Antonio Luiz elogiou iniciativas digitais, como os tours virtuais de museus, que, especialmente durante a pandemia, ampliaram a visibilidade das coleções numismáticas, permitindo que entusiastas de todo o mundo explorassem acervos remotamente.
A entrevista reforçou o compromisso da Sociedade Numismática Brasileira em promover o colecionismo e a pesquisa numismática. Osvaldo Rodrigue destacou a relevância de profissionais como Antonio Luiz, que combinam paixão, rigor acadêmico e compromisso com a educação. Para os entusiastas da numismática, a trajetória de Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa é um convite a explorar as histórias gravadas em cada moeda, transformando o colecionismo em uma prática de aprendizado e celebração da identidade brasileira.
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