Entrevistador: Oswaldo Rodrigues
Entrevistado: Arnaldo Cologni
Publicação: NumisPlay – Sociedade Numismática Brasileira
Em mais uma entrevista da série Numismática Viva, Oswaldo Rodrigues conversa com Arnaldo Cologni, artesão e colecionador que se destacou ao desenvolver soluções criativas e técnicas para o armazenamento e a conservação de moedas. Arnaldo compartilha seu percurso, os aprendizados e as necessidades práticas dos colecionadores, oferecendo uma reflexão valiosa: cuidar das moedas é cuidar da memória.
Arnaldo iniciou sua jornada como marceneiro, produzindo caixas e molduras para joias e lembranças. Seu trabalho começou a se voltar para o colecionismo quando percebeu a carência de soluções adequadas para armazenar moedas com segurança, especialmente aquelas em alto estado de conservação.
Inspirado pelas necessidades do próprio hobby, Arnaldo passou a desenvolver molduras, caixas e gavetas sob medida, com foco na proteção contra umidade, oxidação e impacto físico. Sua atenção aos detalhes e o uso de materiais como imãs de neodímio e cápsulas específicas transformaram seus produtos em referência entre os colecionadores brasileiros.
Durante a entrevista, Arnaldo ressalta a importância de se compreender as diferentes formas de proteção para moedas:
Cápsulas: Evitam o contato com o ar e reduzem o risco de oxidação.
Holders adesivados: Úteis, mas exigem cautela quanto à qualidade do plástico.
Gavetas e bandejas personalizadas: Garantem a organização sem atrito entre as peças.
Álbuns especializados: São indicados para moedas circulantes, desde que fabricados com materiais neutros.
Ele destaca que cada tipo de moeda — seja flor de cunho, MBC ou moedas comuns — exige cuidados específicos, principalmente em função do metal (prata, cobre, aço ou alumínio) e do clima da região onde são guardadas.
Mais do que proteção, os produtos de Arnaldo também valorizam a apresentação das coleções. Ele desenvolveu caixas e molduras para moedas comemorativas, como as das Olimpíadas Rio 2016 e da Copa do Mundo, com acabamento sofisticado, possibilitando que o colecionador exiba suas peças com orgulho e segurança.
Segundo Arnaldo, apresentar uma coleção de forma organizada não apenas preserva as peças, mas inspira novos colecionadores e enriquece o contato com a história.
Arnaldo enfatiza que cuidar das moedas é apenas uma parte do trabalho do colecionador. É preciso estudar, frequentar encontros, consultar catálogos técnicos, observar variantes, erros, tiragens e aprender com outros entusiastas. Cita a importância dos encontros de Porto Alegre e Curitiba, e afirma que “o catálogo dá o norte; os encontros, o aprendizado vivo.”
Além das moedas, Arnaldo também desenvolveu álbuns e estojos para cédulas e medalhas. Seu enfoque é dar sentido histórico e estético às peças — organizando-as por datas, contextos e personagens, permitindo que o observador leigo compreenda a trajetória do Brasil por meio da numismática.
Ele ressalta, contudo, a ausência de estudos técnicos sobre materiais usados em álbuns e plásticos colecionáveis. Acredita que ainda faltam análises científicas no Brasil sobre quais materiais são seguros para a conservação de longo prazo, especialmente em casos de reações químicas com metais sensíveis, como o alumínio.
Arnaldo deixa um recado aos novos colecionadores:
Comece com moedas do Real ou Cruzeiro, fáceis de encontrar e ideais para aprender sobre conservação e classificação.
Estude sempre: consulte catálogos, veja entrevistas, vá a encontros e converse com colecionadores mais experientes.
Invista em armazenamento de qualidade: não basta ter uma moeda rara; é preciso saber guardá-la.
Evite manuseio direto: use luvas limpas e cápsulas apropriadas para cada tipo de peça.
Arnaldo Cologni mostra que a beleza da numismática vai além das peças raras. Está no cuidado com cada moeda, no respeito à sua história e na forma como compartilhamos esse patrimônio. Seu trabalho é, ao mesmo tempo, técnico e afetivo. Ao transformar o modo como guardamos nossas moedas, ele nos ensina a valorizar a coleção como se fosse um museu pessoal.
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