A Sociedade Numismática Brasileira promoveu mais uma edição da série de entrevistas com grandes nomes da numismática nacional. Desta vez, o convidado foi Irley Neves, colecionador mineiro, com mais de 40 anos dedicados ao estudo e à preservação da história monetária do Brasil.
A conversa, conduzida por Osvaldo Rodrigues, resgatou momentos importantes da trajetória de Irley, suas coleções, descobertas e recomendações para os novos colecionadores.
Irley relatou que começou sua coleção em 1987, em Belo Horizonte, após frequentar feiras de antiguidades e comércio de moedas na Rua Tamoios e na Feira do Liberdade. O primeiro contato mais significativo aconteceu quando adquiriu uma moeda colonial de 1787, trocada com um comerciante local. A partir daí, iniciou suas visitas semanais às feiras e passou a conviver com nomes importantes da cena numismática mineira.
Ao longo dos anos, Irley desenvolveu uma coleção sólida e especializada em moedas de prata brasileiras, abrangendo desde as de 20 réis até os patacões de 960 réis. Ele destacou que sua coleção inclui mais de 7.000 patacões, organizados por variantes e recunhos, tornando-se um dos acervos particulares mais representativos do segmento.
Além das moedas de prata, mantém uma expressiva coleção de moedas de cobre, com mais de 4.000 exemplares, e cédulas brasileiras, com destaque para as séries do padrão Réis.
Irley explicou que armazena suas moedas exclusivamente em envelopes de papel, descartando o uso de plásticos ou materiais sintéticos. Segundo ele, o papel proporciona melhor preservação e evita o surgimento de oxidações e manchas típicas em ambientes de umidade variável.
Entre as peças mais emblemáticas da coleção de Irley está uma moeda de cobre 1790 XL coroa baixa, considerada rara e muito cobiçada no meio. Ele compartilhou, ainda, a experiência de adquirir moedas de prata flor de cunho durante uma viagem à Bahia, episódio que marcou sua trajetória como colecionador.
Outro destaque da entrevista foi a defesa da importância das associações numismáticas. Irley, sócio remido da Sociedade Numismática Brasileira e de várias outras entidades pelo país, ressaltou que os clubes e sociedades são fundamentais para o aprendizado, troca de informações e acesso a literatura especializada.
Aos novos colecionadores, Irley recomenda:
Definir um foco inicial, seja por metal, período histórico ou tema.
Participar de feiras, associações e grupos especializados.
Investir em livros e catálogos técnicos.
Priorizar o estudo e a pesquisa sobre as peças, evitando aquisições sem referência.
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