A numismática é uma ponte entre culturas, épocas e histórias. Na entrevista exclusiva para o NumisPlay, Oswaldo Rodrigues conversa com Svend Germann, colecionador holandês apaixonado pelas moedas brasileiras, que compartilha sua trajetória, métodos de coleção e dicas valiosas para quem deseja se aprofundar nesse universo.
Svend Germann nasceu na Holanda, mas viveu por 13 anos no Brasil, em Natal. Sua paixão pela numismática começou de maneira simples: colecionando moedas comemorativas de um real lançadas durante os Jogos Olímpicos. O fascínio inicial logo se transformou em um interesse mais profundo por moedas antigas, especialmente aquelas que circularam efetivamente entre o povo brasileiro.
Ao contrário de muitos colecionadores que buscam peças de ouro ou raridades exclusivas, Svend tem predileção por moedas de cobre e prata, especialmente as que estiveram nas mãos de pessoas comuns. Para ele, cada moeda de cobre carrega a história de quem a utilizou, seja para comprar pão há séculos ou para pequenas transações do cotidiano. Essa conexão com o passado é o que torna a coleção tão especial.
Svend organiza sua coleção de forma meticulosa: busca ter uma moeda de cada ano, tipo de coroa, legenda e até variantes de erros de cunhagem. Ele também aprecia as moedas falsas de época, que revelam curiosidades e histórias paralelas à circulação oficial.
Além disso, Svend utiliza um sistema de cores para catalogar suas moedas, indicando, por exemplo, peças falsas ou raridades. Ele enfatiza a importância de qualidade sobre quantidade, preferindo substituir moedas por exemplares em melhor estado sempre que possível.
Morando atualmente na Holanda, Svend aproveita a facilidade de encontrar moedas brasileiras de alta qualidade em leilões europeus, especialmente em Portugal, onde há grande interesse por moedas do Brasil. Ele também participa de grupos de WhatsApp e utiliza plataformas como eBay e BR Leilões para expandir sua coleção.
Para conservação, Svend recomenda o uso de cera microcristalina (como a utilizada pelo Museu Britânico) para proteger moedas de cobre contra corrosão e ácidos das mãos. Ele também utiliza holders e cápsulas de acrílico para armazenamento, sempre buscando preservar o estado original das peças.
Svend compartilha conselhos práticos para quem deseja iniciar ou aprimorar sua coleção:
Foco: Escolha um tema ou período específico para sua coleção. Isso torna o processo mais interessante e educativo.
Qualidade: Prefira poucas moedas em ótimo estado a muitas em condição ruim.
Pesquisa: Estude a fundo as variantes, erros e histórias por trás de cada moeda.
Conservação: Use produtos adequados para proteger as peças, especialmente as de cobre, que são mais sensíveis ao clima e ao manuseio.
Entre as moedas favoritas de Svend estão raridades como o 80 réis de 1831 e moedas falsas de época, como um 40 réis de Cuiabá datado erroneamente de 1820. Ele também coleciona moedas do reinado de Sebastião, consideradas as mais antigas de sua coleção, e mantém uma coleção especial de moedas do ano de nascimento de seu neto, abrangendo países do mundo inteiro.
A entrevista com Svend Germann revela que a numismática é, acima de tudo, uma forma de conexão: com a história, com outros colecionadores e com diferentes culturas. Sua abordagem focada, metódica e apaixonada serve de inspiração para iniciantes e veteranos, mostrando que, independentemente do país de origem, a paixão pelas moedas brasileiras pode atravessar fronteiras e unir pessoas em torno de um mesmo interesse.
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