No mais recente episódio da série Entrevistas Numismáticas, promovida pela Sociedade Numismática Brasileira e exibida no NumisPlay, o convidado foi Roberto Sato, um nome conhecido no meio colecionista, especialmente por sua dedicação aos estudos dos 960 Réis e pela busca constante de conhecimento sobre moedas e história monetária.
Nascido no interior do Paraná, em uma cidade chamada Inajá, Roberto contou que seu primeiro contato com a numismática aconteceu ainda na infância. De maneira simbólica, guardou a lembrança de uma moeda de 100 Réis de 1869 que, embora perdida em um incêndio, permaneceu viva em suas memórias. Para ele, a peça é invisível aos olhos, mas totalmente visível pela importância sentimental e histórica que carrega.
Roberto destacou que, ao longo dos anos, seu interesse pelo colecionismo evoluiu de forma natural. Começou como juntador de cédulas e moedas ainda criança, fascinado pelas estampas e personagens históricos, e, posteriormente, aprofundou-se no estudo de moedas de prata e patacões. No entanto, ele confessa que hoje se identifica mais como colecionador de conhecimento do que de peças físicas.
Entre 1985 e 1994, dedicou-se à coleção do Terceiro Sistema Monetário Brasileiro, especialmente às moedas de prata entre 1851 e 1889. Posteriormente, concentrou-se nos 960 Réis, acumulando informações e histórias por trás de cada exemplar. Para Roberto, mais importante do que possuir grandes acervos é conhecer o contexto de cada moeda, os personagens representados e os momentos históricos em que circularam.
Uma das práticas que Roberto recomenda é o registro detalhado de cada peça adquirida. Em sua coleção, cada moeda possui uma ficha com informações sobre sua procedência, preço, data de compra e, sempre que possível, a história que a acompanha. Esse cuidado permite preservar o chamado pedigree das moedas, algo que valoriza não só o item, mas toda a trajetória que ele percorreu até chegar às mãos do colecionador.
Durante a conversa, Roberto ressaltou o valor da numismática como atividade capaz de desenvolver paciência e concentração. Para ele, analisar cuidadosamente detalhes de uma peça, identificar variantes e compreender sua trajetória histórica são exercícios que transcendem o colecionismo e dialogam com a psicologia humana e o comportamento diante do tempo e do valor.
Ele compartilhou também suas impressões sobre a importância de congressos, encontros e palestras, como os promovidos pela Sociedade Numismática Brasileira e instituições internacionais, citando a experiência enriquecedora vivida em Arequipa, no Peru.
Questionado sobre como um iniciante deveria começar no colecionismo, Roberto aconselhou começar de forma simples: cédulas e moedas brasileiras contemporâneas, objetos acessíveis e que permitam ao colecionador aprender gradativamente sobre numismática, história e economia. Segundo ele, é importante que o iniciante encontre um tema de afinidade, seja personagens históricos, moedas comemorativas ou séries específicas.
Para Roberto, a participação em sociedades e grupos numismáticos é fundamental para o crescimento de qualquer colecionador. Ele reforçou que além de boletins, catálogos e encontros, essas entidades oferecem convivência, aprendizado coletivo e oportunidades para descobrir histórias e informações que dificilmente seriam encontradas de forma isolada.
Encerrando a entrevista, Roberto reafirmou seu compromisso com a numismática, não mais como acumulador de peças, mas como investigador e guardião de histórias monetárias. Para ele, a numismática ultrapassa a ideia de hobby e se transforma em ferramenta de reflexão sobre o tempo, os valores e a trajetória humana.
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