Dando sequência às entrevistas que compõem o projeto de resgate e valorização da memória numismática brasileira, a Sociedade Numismática Brasileira (SNB) promoveu um encontro especial entre Oswaldo Rodrigues e o colecionador Eliney Faustich. O bate-papo trouxe à tona uma história típica e apaixonante de quem se encontra pela primeira vez com uma moeda histórica e jamais abandona o caminho da numismática.
Eliney revelou que seu contato com moedas começou como o de muitos outros colecionadores: acumulando moedas de viagens e guardando-as em potes e gavetas. Contudo, um jantar na casa de um amigo mudaria sua relação com o hobby. Ao ser apresentado a um acervo particular de moedas portuguesas raras, o interesse se transformou em paixão.
Naquele momento, percebeu que suas moedas poderiam ter mais valor do que imaginava. Comprou um catálogo e começou a estudar, iniciando um ciclo comum a todo numismata: uma vez iniciado, o colecionismo torna-se permanente.
O fascínio pelas moedas de 960 réis surgiu como uma consequência natural de seu interesse pela história de Portugal e de suas colônias. Eliney ressaltou que poucas moedas no mundo possuem um valor histórico e cultural tão marcante como os patacões brasileiros.
Ele destacou que o 960 réis não é apenas uma moeda, mas um símbolo da chegada da família real ao Brasil, da independência e da adaptação do sistema monetário colonial. O colecionador contou que sua preferência sempre foi por moedas que contassem histórias singulares, fossem recunhadas ou apresentassem erros e anomalias.
Durante a conversa, Eliney comentou sobre as dificuldades na classificação de recunhos, especialmente os recunhos sobre recunhos, e a importância de estudo e documentação para validar a autenticidade das peças. Ele também destacou que o 960 réis é uma das moedas mais estudadas do mundo, dada sua complexidade técnica e histórica.
Eliney valorizou a convivência com outros colecionadores e estudiosos, mencionando a importância de feiras, congressos e associações como a SNB para a troca de conhecimento e fortalecimento da cultura numismática. Recomendou ainda a leitura de catálogos clássicos e atuais, além da pesquisa contínua como prática indispensável para qualquer numismata.
Para os iniciantes, Eliney foi objetivo:
“Escolham uma área para colecionar, estudem muito antes de comprar e busquem fazer amizades com colecionadores experientes. A numismática é, acima de tudo, uma rede de pessoas apaixonadas.”
A entrevista reforçou a ideia de que a numismática brasileira vai além da posse de moedas raras. Trata-se de manter viva a memória da história monetária do país, transmitir conhecimento e preservar as histórias por trás de cada peça.
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