Como parte da série de entrevistas da Sociedade Numismática Brasileira, Osvaldo Rodrigue, diretor social de divulgação, entrevistou Fabricio Nefersan, destacado numismata, colecionador e divulgador da numismática. A conversa, integrada às iniciativas de promoção do colecionismo, explorou a trajetória de Fabricio, suas contribuições para a numismática brasileira e o papel das moedas como documentos históricos que preservam a memória cultural e econômica do país.
Fabricio Nefersan descobriu a numismática na década de 1990, enquanto cursava História na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. Seu interesse foi despertado ao encontrar uma moeda de cobre do período colonial em uma feira de antiguidades, o que o intrigou pelo design e pela história que a peça carregava. Esse achado o levou a aprofundar seus estudos em história monetária, guiado por mentores especializados e pela participação em eventos numismáticos. Hoje, Fabricio é uma figura respeitada no meio numismático, conhecido por sua dedicação ao colecionismo e à promoção da numismática.
Atualmente, Fabricio atua como consultor de coleções privadas e colaborador da Sociedade Numismática Brasileira, além de organizar exposições regionais que reúnem colecionadores do Centro-Oeste. Um de seus projetos mais recentes foi a curadoria de uma exposição sobre moedas do Plano Real, realizada em um museu em Goiânia. A exposição destacou peças lançadas em 1994, que marcaram a estabilização econômica, e incluiu textos explicativos que abordavam o contexto político e social da época. O trabalho de Fabricio combinou catalogação técnica e narrativas acessíveis, alcançando colecionadores, estudantes e o público geral.
Durante a entrevista, Fabricio destacou que a numismática é uma ponte entre o passado e o presente, conectando história, arte e sociedade. Ele explicou que cada moeda reflete as intenções de quem a produziu, desde os símbolos gravados até os materiais utilizados. Como exemplo, mencionou as moedas de níquel do início da República, que exibiam figuras como Tiradentes para reforçar a identidade nacional, contrastando com as moedas de ouro do período colonial, que simbolizavam o poder da coroa portuguesa. Para Fabricio, essas peças são documentos históricos que complementam registros escritos, oferecendo uma perspectiva única sobre o contexto social.
A preservação de moedas é uma das prioridades de Fabricio. Ele enfatizou a importância de manter a pátina em moedas de prata, que protege contra a corrosão, e alertou contra restaurações invasivas, que podem comprometer a autenticidade. Ele recomenda aos colecionadores o uso de luvas de algodão e envelopes de polipropileno para proteger as peças de umidade e poeira. Para análises técnicas, Fabricio utiliza ferramentas como lupas, paquímetros e balanças de precisão, que revelam detalhes como marcas de cunhagem e desgastes indicativos de circulação.
Embora a numismática não seja amplamente ensinada nas universidades brasileiras, Fabricio desenvolveu sua expertise por meio de estudos autodidatas e participação em congressos numismáticos. Ele utiliza catálogos de referência, como os de Arnaldo Russo para moedas brasileiras e os da Krause Publications para peças internacionais, combinando edições impressas e digitais. Para Fabricio, o exame físico das moedas é essencial, pois permite observar nuances, como microgravuras, que escapam às imagens digitais.
Fabricio é um defensor da numismática como ferramenta de engajamento cultural. Ele organiza oficinas para jovens colecionadores, utilizando réplicas de moedas para ensinar sobre a história econômica e social do Brasil. Essas iniciativas incentivam os participantes a valorizar o colecionismo como uma forma de aprendizado. Ele também participa de feiras numismáticas, que reúnem colecionadores e pesquisadores, fortalecendo a comunidade numismática. Fabricio destacou a importância desses eventos para a troca de conhecimentos e a descoberta de peças raras.
Como divulgador, Fabricio publicou artigos em blogs e revistas especializadas, incluindo contribuições para os periódicos da Sociedade Numismática Brasileira. Um de seus textos recentes analisou as moedas comemorativas do bicentenário da Independência, em 2022, explorando como elas refletiam a diversidade cultural brasileira. Ele também está envolvido na organização do próximo Congresso Brasileiro de Numismática, onde conduzirá uma palestra sobre a influência das moedas regionais na economia colonial.
Diferentemente de muitos numismatas, Fabricio mantém uma coleção pessoal, focada em moedas brasileiras do período republicano. Ele vê o colecionismo como uma extensão de sua paixão pela história, mas enfatiza a importância de compartilhar conhecimento com a comunidade. Fabricio elogiou iniciativas digitais, como plataformas online e tours virtuais de museus, que, especialmente durante a pandemia, democratizaram o acesso às coleções numismáticas, permitindo que entusiastas de todo o mundo explorassem acervos remotamente.
A entrevista reforçou o compromisso da Sociedade Numismática Brasileira em promover o colecionismo e a pesquisa numismática. Osvaldo Rodrigue destacou a relevância de figuras como Fabricio, que combinam entusiasmo, conhecimento e dedicação à divulgação. Para os amantes da numismática, a trajetória de Fabricio Nefersan é uma inspiração para enxergar nas moedas não apenas objetos de coleção, mas narrativas históricas que conectam o passado ao presente, preservando a identidade cultural brasileira.
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