A Sociedade Numismática Brasileira (SNB) deu início a uma série de entrevistas com figuras destacadas da numismática brasileira, e o primeiro convidado foi Claudio Schroeder, um apaixonado por história e colecionador de conhecimento. Em uma conversa descontraída, Schroeder compartilhou sua trajetória, que começou na adolescência e evoluiu para uma profunda pesquisa sobre os símbolos do Rio Grande do Sul, conectada à numismática. O vídeo, disponível no NumisPlay, é um convite para explorar como moedas, cédulas e medalhas podem revelar histórias e corrigir equívocos históricos.
Nascido em Curitiba e radicado em Porto Alegre desde os 15 anos, Claudio Schroeder, hoje com 65 anos, revelou que sua aproximação com a numismática não foi pelo colecionismo de moedas, mas pela busca de respostas históricas. Filho de militar, ele se interessou por história ainda jovem, especialmente pela Revolução Farroupilha (1835-1845). Sua curiosidade o levou a estudar o chamado “carimbo de Piratini”, um marco numismático da República Rio-Grandense. No entanto, ao pesquisar, descobriu que o termo “Piratini” era um equívoco histórico, já que o nome oficial era República Rio-Grandense. Essa revelação o motivou a mergulhar em documentos e livros.
Schroeder é um autoproclamado “bibliófilo numismático”. Sua primeira aquisição importante foi um catálogo de leilão de 1970, comprado em Amsterdã, que incluía moedas, medalhas e uma barrinha de ouro de um descendente da família imperial brasileira. Ele enfatiza a importância de transformar informação em conhecimento, estudando a história por trás das peças numismáticas. “Não basta comprar moedas; é preciso comprar livros primeiro”, aconselha, destacando que o estudo evita erros e enriquece a experiência understanding.
Um dos pontos centrais da entrevista foi a pesquisa de Schroeder sobre os símbolos do Rio Grande do Sul, desde a Revolução Farroupilha até os dias atuais. Ele está escrevendo um livro, previsto para 2025, coincidindo com os 190 anos da bandeira gaúcha. Sua pesquisa, auxiliada pela numismática, corrige equívocos históricos, como o uso do termo “República de Piratini” na Constituição do estado e no Palácio Piratini. Schroeder encontrou evidências numismáticas, como cédulas de 1838 conhecidas como “profetas”, que comprovam a existência de emissões de emergência durante a revolução, desafiando narrativas tradicionais.
Ele também destacou uma medalha de 1922, adquirida recentemente, que celebra a inauguração da prefeitura de Montenegro e apresenta uma variante de cunho do brasão do estado. Essa peça será incluída em seu livro, mostrando como a numismática pode documentar a evolução dos símbolos regionais.
Schroeder vê a numismática como uma ferramenta para preservar e explicar a história. Ele participou de congressos, como a Semana de Numismática em Brasília, e ministrou palestras, especialmente para públicos especializados, como os da SNB. Ele também foi responsável pela edição de boletins da Sociedade Numismática de Porto Alegre, um “trabalho de amor” que fortaleceu a comunidade local. Para ele, a numismática não se limita ao colecionismo, mas abre portas para a compreensão de contextos históricos, políticos e culturais.
A mensagem final de Schroeder é clara: o conhecimento é mais valioso que o valor comercial das moedas. Ele incentiva iniciantes a estudar antes de colecionar, utilizando os recursos digitais e as publicações da SNB, como seus boletins históricos. “A informação é de graça hoje”, diz, destacando a facilidade de trocar ideias em tempos de videoconferências e acesso online.
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