A numismática, estudo e coleção de moedas, é uma atividade que une história, cultura e paixão. No Brasil, Ademar Leal Lisboa é um nome que se destaca nesse meio, não apenas pela sua coleção, mas pela contribuição ao convívio e à preservação da memória numismática nacional. Em entrevista exclusiva, Ademar compartilha sua trajetória, suas motivações e a importância das amizades construídas ao longo de décadas de dedicação.
Ademar começou sua jornada no colecionismo ainda jovem, inicialmente dedicado à filatelia, colecionando selos, entre eles uma valiosa coleção da República de San Marino. No início da década de 1970, seu interesse migrou para as moedas, especialmente aquelas do Império brasileiro, atraído pela qualidade e estado de conservação das peças. Em Salvador, onde reside, frequentava encontros de colecionadores no Convento do Carmo, local que foi palco de grandes amizades e trocas de conhecimentos1.
Sua coleção tem como destaque as moedas de prata do Império, especialmente os mil réis com o busto do Imperador. Ademar relata que, para obter as melhores peças, chegou a adquirir várias moedas semelhantes para escolher as de melhor estado, vendendo as demais. Essa dedicação resultou em uma coleção que impressionou até mesmo o presidente da Sociedade Numismática do Rio de Janeiro na época, Nilton Guimarães, que elogiou a qualidade das moedas reunidas por Ademar1.
Entre as peças que guarda com carinho, Ademar destaca uma moeda de 960 réis da Bahia, datada de 1821, que foi a primeira adquirida por ele e que mantém até hoje como uma recordação especial. Essa moeda, apesar de não ser a mais valiosa financeiramente, carrega um significado pessoal e histórico, marcando um momento importante em sua vida de colecionador1.
Para Ademar, a numismática vai além da coleção: é também um espaço de convivência, amizade e troca de experiências. Ele lembra com saudade de grandes colecionadores como Sabino Piauí Dourado, Edgar Campos Silva e Fernando Brandão Correia, além do desembargador Plínio Mariani Guerreiro, com quem mantinha contato diário para discutir moedas. Essas relações foram fundamentais para a construção de sua trajetória e para o fortalecimento da comunidade numismática1.
Embora não possua moedas de ouro ou raridades extremas, Ademar mantém suas peças guardadas com cuidado em casa, confiando na integridade da família para preservá-las. Além disso, destaca-se por sua biblioteca especializada, que inclui obras importantes para o estudo numismático, como as de Renato Berbert de Castro e Curte Probel, com exemplares que muitos colecionadores ainda não tiveram acesso. Essa biblioteca é um patrimônio que reforça seu compromisso com o conhecimento e a pesquisa na área1.
Ademar também compartilha suas experiências em viagens ao exterior, visitando museus e lojas de numismática em cidades como Viena, Barcelona e Paris. Nessas ocasiões, aproveitou para adquirir moedas brasileiras e estrangeiras, ampliando seu acervo e seu contato com a numismática mundial. Essas viagens enriquecem sua visão e reforçam a importância do intercâmbio cultural entre colecionadores1.
Com uma longa carreira e uma vida dedicada à numismática, Ademar pensa no futuro e no legado que deixará. Ele revela que seu filho, também chamado Ademar, é seu sucessor direto, o que lhe traz alegria e a certeza de que sua paixão e conhecimento continuarão sendo preservados e ampliados pelas próximas gerações1.
Este artigo complementa o conteúdo do vídeo da entrevista, proporcionando uma visão detalhada e contextualizada da vida e obra de Ademar Leal Lisboa, um dos grandes nomes da numismática brasileira. Sua história é um convite para que novos colecionadores se interessem pela preservação da história através das moedas, valorizando não apenas os objetos, mas as relações e o conhecimento que eles proporcionam.
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