A Sociedade Numismática Brasileira realizou mais uma importante entrevista para seu acervo histórico, desta vez com Francisco Alves, numismata veterano e respeitado, que compartilhou suas experiências, descobertas e histórias acumuladas ao longo de décadas de dedicação à numismática nacional.
A entrevista, conduzida por Osvaldo Rodrigues, ocorreu na biblioteca da SNB e resgatou momentos preciosos da trajetória de Francisco, desde o início de sua coleção até suas experiências em feiras, museus e eventos internacionais.
Francisco contou que começou a colecionar aos 13 anos, na década de 1960, em Fortaleza. Inicialmente envolvido com selos, se encantou ao descobrir moedas antigas na Sociedade Filatélica e Numismática Cearense. O fascínio surgiu ao ver uma moeda de prata de dois mil réis do Império pela primeira vez, o que o motivou a procurar peças antigas no baú de sua família.
O apoio da mãe e dos irmãos foi fundamental para dar início à coleção, que começou com duas moedas de prata e, a partir dali, tomou proporções cada vez maiores.
Logo no início, Francisco passou a frequentar as reuniões da sociedade local, onde descobriu a importância de trocar informações, conhecer referências e participar de encontros. Na década de 1970, viajou a São Paulo pela primeira vez para conhecer a Sociedade Numismática Brasileira e estabeleceu contato com nomes importantes do colecionismo nacional.
Foi através dessas conexões e das revistas publicadas pelas sociedades que Francisco conseguiu ampliar seu conhecimento e estabelecer trocas e parcerias com colecionadores de várias regiões do Brasil e do exterior.
Desde o começo, Francisco demonstrou predileção pelas moedas de prata do Brasil, especialmente as coloniais. A beleza dos detalhes, as inscrições em latim e a história contida nas peças o motivaram a aprofundar-se nesse segmento. As moedas de cobre também integraram sua coleção, enquanto as de ouro se mantiveram fora de seu alcance devido às restrições financeiras.
Ao longo das décadas, Francisco participou de dezenas de eventos numismáticos em todo o Brasil e no exterior. Esteve em feiras na Argentina, Portugal, Itália, França e Alemanha, trocando experiências, adquirindo peças e fortalecendo laços com colecionadores internacionais.
Conheceu diversos museus, incluindo o Museu Histórico Nacional, o Museu do Banco Central e coleções particulares no Brasil e fora do país.
Entre os episódios marcantes, Francisco destacou sua participação na identificação de um importante achado de moedas de 960 réis no interior de Alagoas, convidado pelo Banco Central. O lote de aproximadamente 800 moedas, muitas inéditas e em excelente estado, foi objeto de disputa judicial e se tornou um caso emblemático na história da numismática nacional.
Francisco relatou que sua formação numismática começou antes mesmo de existirem livros acessíveis sobre o tema. Sua primeira obra foi um catálogo Sansão Leitão, adquirido no início dos anos 1970, o qual ampliou seu conhecimento técnico e histórico sobre as moedas brasileiras.
Desde então, defende a importância de o colecionador estudar, buscar referências confiáveis e participar ativamente das sociedades para evoluir no hobby.
Para Francisco Alves, a numismática vai muito além do valor comercial das peças. Ela proporciona aprendizado histórico, cultural, geográfico e social, além de estreitar amizades e motivar viagens e encontros memoráveis.
Ele ressaltou a importância de compartilhar conhecimento e incentivar novas gerações de colecionadores, seja por meio de eventos, publicações ou conversas informais.
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